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ROSELY SAYÃO
Perdão às mães
Como a data em que
se comemora o Dia
das Mães está próxima, quero aproveitar e, em nome de muitas
escolas, pedir perdão a mulheres que têm filhos que
frequentam todos os níveis
do ensino básico e da educação infantil.
Senhoras mães: perdão
por reclamarmos de seus filhos, por muitas vezes sugerirmos que eles possam ter
algum problema emocional,
físico ou intelectual e até solicitarmos que eles sejam levados a algum especialista.
É que nossa tradição é a de
lidar com alunos exemplares
ou medianos, os quais não
nos convocam a pensar, refletir ou agir de modo diferente do que estamos acostumados. Então, para evitar
que eles revelem as nossas
falhas e os nossos limites,
adotamos essa postura de
creditar a nossos alunos -os
seus filhos- alguns defeitos
que precisariam ou deveriam ser consertados.
Senhoras mães: perdão
por invadirmos tanto a privacidade de sua família, por
fazermos tantas perguntas
com a finalidade de ter informações que nem usaremos
em benefício de seus filhos
no exercício de nossa função.
Afinal, saber se nosso aluno foi desejado como filho,
como vivem seus pais e quais
os problemas que enfrentam
e conhecer alguns segredos
familiares, por exemplo, não
facilita nosso trabalho pedagógico com os alunos, por
mais que digamos que sim.
Senhoras mães: perdão
por julgarmos e criticarmos
a maneira como cuidam de
seus filhos e os educam. Demos para acreditar e nem sabemos ao certo o porquê que
sabemos mais do que vocês a
respeito da educação familiar nem nos damos conta de
que, com os nossos próprios
filhos, muitas vezes nos
comportamos do mesmo jeito que vocês.
Temos nos confundido no
exercício de nosso papel e
não raras vezes queremos
educar vocês em vez de ajudarmos os nossos alunos.
Senhoras mães: perdão
por enviarmos tantos bilhetinhos e correspondências
na agenda a respeito do que
se passa com seu filho na escola, convocarmos sua presença para tantas reuniões
coletivas e algumas pessoais
e, inclusive, solicitarmos sua
intervenção em assuntos
que, na verdade, são entre
seu filho e a escola.
O problema é que não sabemos mais ao certo como lidar com crianças e adolescentes, não conseguimos encontrar estratégias para resolver as situações problemáticas diretamente com
eles aqui no espaço escolar e,
por isso, apelamos para sua
intervenção na esperança de
que as coisas se resolvam
dessa forma.
Senhoras mães: perdão
por fazermos vocês pensarem que a vida escolar de
seus filhos é a coisa mais importante da vida e, assim,
contribuirmos para que a
função materna fique tão parecida com a função docente.
Por fim, perdão por insistirmos nessa história de comemoração do Dia das Mães
e, assim, colocarmos tantas
mulheres em situações difíceis perante seus filhos.
Esquecemos que muitas
delas não podem por razões
que nem nos interessam
-ou não querem- comparecer às festas que programamos com o intuito de agradar
as mães de nossos alunos. E
nessa hora -devemos reconhecer- nem nos lembramos de que não faz parte de
nossas funções promover esse tipo de atividade.
Sabemos que pedir perdão
é pouco, senhoras mães. Por
isso, nos comprometemos a
fazer uma reflexão crítica de
nosso trabalho.
INDICAÇÃO
O filme "Um Grande Garoto" é ótimo para
uma diversão familiar no fim de semana e
ainda pode promover boas conversas sobre o
relacionamento das mães com os filhos.
Um Grande Garoto
Diretores: Paul Weitz & Chris Weitz
Classificação indicativa: 12 anos
ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de
"Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)
roselysayao@uol.com.br
blogdaroselysayao.blog.uol.com.br
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