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Saiba a diferença entre farelo e grão e entre cevadinha e centeio, por exemplo; cereais, algas e sementes confundem clientela
Guia para comprar naturais com segurança
Marcelo Barabani/Folha Imagem
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Proteína vegetal texturizada (cubos maiores), soja em grão (na colher) e cevadinha (grãos menores) |
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Difícil circular pelas lojas de produtos naturais com a mesma desenvoltura com que se passeia entre as conhecidas gôndolas com extratos de
tomate, bolachas, refrigerantes ou detergentes. E como é fácil topar com
clientes atônitos e perdidos em meio à abundância de farináceos, grãos, frutas secas e méis, além de velas, cosméticos, incensos e suplementos alimentares, entre outras mercadorias típicas do chamado comércio de naturais.
O Equilíbrio se propôs aqui a traduzir alguns dos produtos mais comuns ditos naturais, com informações nutricionais e formas de utilização de cada um desses alimentos. Recorte as duas páginas seguintes e leve junto quando for às compras dos integrais, que já invadiram também muitas das redes de supermercados
tradicionais.
Afinal o que é natural? Tudo o que vem
da natureza é natural, diz Anita Sachs,
chefe do departamento de Nutrição de
Medicina Preventiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e não adepta desse tipo de alimentação. Para ela, a
classificação está ligada a um apelo marqueteiro cujo objetivo é a manutenção de
um mercado diferenciado.
Já a presidente do Conselho Regional
de Nutrição Maria Idati Eiró Gonsalves,
consumidora eventual de produtos naturais, prefere a palavra saudável para caracterizar esses alimentos. Menos processados e integrais, defende a engenheira agrônoma Renata Galhardo Borguini.
Seja como for, o fato é que nem tudo
que é natural é necessariamente saudável
ou isento de risco à saúde. Consumo de
fibras em excesso, por exemplo, prejudica a absorção de ferro e de cálcio pelo organismo, diz Sachs.
E mais: o aumento da quantidade de fibras na dieta exige maior consumo de
água. Do contrário, as fibras podem prejudicar o funcionamento intestinal, diz a
nutricionista Lisnea de Paula Marinelli.
Mel é muito saudável e inofensivo, certo? Certo, desde que o consumidor tenha
mais do que seis meses de vida. Antes disso, há risco de o bebê contrair botulismo,
pois, até essa idade, ele ainda não desenvolveu certos anticorpos, explica a engenheira agrônoma.
No mais, é liberar a criatividade no cardápio com ingredientes que, apesar de
naturais, são pouco comuns na despensa.
Açúcar
Mascavo: açúcar de cana integral que não passou pelo processo de refino (secagem e branqueamento). É de cor marrom e tem gosto de rapadura moída.
Substitui o açúcar refinado em todos os
seus usos, porém altera o sabor do prato
e pode escurecer alimentos como sucos e
vitaminas.
Demerara: tipo intermediário entre
o refinado e o mascavo. Adoça menos
que o branco, mas é mais doce que o
mascavo. Passou pelo processo de secagem, o que significa que o produto perdeu mais água e concentrou mais o açúcar, o que o torna mais doce que o mascavo. Altera o sabor do prato, embora
menos do que o mascavo.
Cristal orgânico: extraído da cana plantada sem agrotóxico e que passou
por um processo de refino, porém mais
leve que o do açúcar refinado tradicional.
Não interfere no sabor do alimento.
Algas
Há vários tipos, como a "wakame", fina e
de cor verde, ou a "nori", de cor púrpura,
muito usada para enrolar sushi. Aliás o
uso das algas na culinária é de origem japonesa. Mas todas são excelentes fonte
de iodo, o que é benéfico para evitar
doenças da tireóide. Mas em excesso pode também causar distúrbio da tireóide.
São ricas em minerais e vitaminas do
complexo B, entre outras e podem ser
usadas em sopas, saladas, macarrão, peixes e no arroz. A embalagem costuma informar sua forma de preparo.
Cereais
Formas de consumo
Grão: é o cereal na sua forma integral, e que possui a sua composição
nutricional mais completa.
Farinha: o grão do cereal é tostado e moído. Esse processo pode causar
maior ou menor perda dos componentes nutricionais de acordo com o
tipo de cereal. Depois do grão, a farinha é a forma que mais mantém as
propriedades do cereal.
Floco: o grão do cereal é prensado, causando perda da casca do grão,
que será maior ou menor conforme o tipo de cereal.
Farelo: casca dos cereais que sobrou durante o processo de transformação do grão
Arroz integral: mantém todas as vitaminas do complexo B -importantes na regulação da produção de energia e
do sistema nervoso- assim como as fibras presentes na casca. O arroz refinado
perde parte desses nutrientes. Dica para obter um arroz bem soltinho, além de
mais saboroso: refogue os grãos, em fogo brando, durante 15 minutos, no mínimo,
antes de adicionar a água.
Farinha: indicada para quem tem intestino solto, pois ajuda a reduzir a velocidade do funcionamento do intestino. A versão torrada é mais saborosa. Usada em receitas salgadas e doces, como sopas, mingaus e cremes.
Flocos: bons para serem misturados a outros cereais, como musli matinal, para acompanhar frutas e como ingrediente de sopas.
Aveia: sua fibra possui um diferencial: é solúvel, e não em forma de casquinha, como as de outros grãos. Ela dissolve no intestino e forma um gel, promovendo uma capacidade reguladora do intestino. Dessa forma, a fibra da aveia age de forma benéfica tanto para quem tem intestino preso como solto. A perda de fibra ocorrida na transformação do grão em flocos ou farinha é insignificante.
Grão: pode substituir o arroz e ser preparado da mesma forma, além de incrementar guisados, sopas e saladas.
Flocos: caem muito bem no café da manhã, misturados ao leite ou a frutas, e também em guisados e sopas.
Farinha: muito utilizada nas massas em geral e no musli.
Centeio: possui as mesmas propriedades do arroz e do trigo.
Grão: preparado da mesma forma que o arroz, pode acompanhar feijão ou outro prato e também ser usado em refogados ou sopas.
Farinha: utilizada em massas em geral.
Flocos: usados em sopas, muslis, salada de frutas, biscoitos e iogurtes.
Cevadinha (ou cevada em grão): possui as mesmas propriedades energéticas dos demais grãos. É usada sobre saladas, em sopas, em guisados de legumes e no recheio de croquetes.
Trigo: fornece características nutricionais semelhantes às do arroz.
Grão: pode substituir o arroz, incrementar recheios e guisados e integrar a massa de croquetes.
Farinha integral: possui mais fibras e mais vitaminas que a farinha branca, pois no refino parte dessas propriedades se perdem. Para a preparação de massas em geral, costuma-se acrescentar um pouco de farinha de trigo branca para dar liga à massa.
Farelo: atua como regulador intestinal, pois aumenta o bolo fecal, provocando movimento do intestino. Na culinária, pode ser comparado a um sal ou um orégano, tal é a sua variedade de formas de utilização: pode entrar na preparação de suco de frutas, em guisados, em sopas, no musli ou em vitaminas, por exemplo.
Gérmen: é a parte mais gordurosa do grão. Por isso tem ação lubrificante, ajudando na eliminação do bolo fecal.
É usado nas massas em geral, no musli, na salada de frutas, em saladas e sopas.
Leguminosas
Ervilha: é uma das leguminosas
que possuem menos quantidade de proteína, ferro e vitaminas. Boa para
variar o cardápio. Vai bem em sopas e guisados.
Feijão-azuki: seja azuki, carioca ou preto, entre as leguminosas, os feijões em geral têm características nutricionais muito parecidas. Mas esse é o tipo que impera nos restaurantes naturais. Seus grãos são vermelhos e menores que os do tipo carioca. A forma de
preparo é igual ao do feijão tradicional. Pode substituir o feijão preto da feijoada e entra na receita de doces, como os tradicionais japoneses.
Soja: é o maior representante em isoflavona, com alta concentração desse componente, o qual exerce função
hormonal no organismo. É muito rica
em proteína -possui cerca 30% mais
que o feijão, por exemplo.
Grão: é preparado como feijão, porém solta muito facilmente a casca, a
qual deve ser retirada. Cozinha rápido
-a metade do tempo do feijão- e pode ser usado em guisados, sopas e saladas.
Descascada partida: preparada como o feijão.
Farinha: usada no preparo de croquetes, almôndegas e massas em geral.
Não é usada como base, como a farinha de trigo, porque é úmida, mas serve de complemento de outras farinhas.
Proteína texturizada: mais rica em proteína do que o grão de soja. No processo de transformação, a proteína é isolada, e a casca e parte do carboidrato são eliminadas. Substitui a carne em cubos ou moída e pode ser preparada ao gosto do chef. Antes, porém, deve ser desidratada, como costuma informar o texto na embalagem.
Mel
É açúcar, cuja composição inclui cerca
de 50% de sacarose (açúcar da cana) e o
restante de frutose (açúcar presente nas
frutas). Este último é muito mais doce
que a sacarose, o que leva o consumidor a utilizar menor quantidade para
adoçar o alimento do que usaria com
açúcar refinado. Além disso, o mel não
passa pelo processo de refinamento.
Mas não é fonte de proteínas nem de vitaminas. Abaixo, três dos tipos mais comuns.
Laranjeira: de sabor bastante suave, pode ser usado em qualquer prato.
Eucalipto: de sabor muito forte, não é recomendado para o uso culinário.
Silvestre: de sabor suave, pode ser usado em qualquer prato.
Sal
Marinho: não passou por processo de refino. Na culinária, tem o mesmo uso do sal refinado.
Gersal: mistura de gergelim torrado e sal, na ordem de nove porções da
semente para uma de sal. Na culinária, pode ter o mesmo uso do sal refinado.
Sementes
Em geral, elas não interferem no sabor dos alimentos, mas enriquecem a
receita com seu alto teor de fibras e garantem um visual diferente ao prato.
Abóbora: possui boa quantidade
de cálcio e fósforo, importantes na formação de ossos, mas não serve como
fonte única desses minerais. Ótima para ser consumida como aperitivo; batida no liquidificador, enriquece a farofa
tradicional ou, em grande quantidade,
vira a própria farofa.
Gergelim: rico em proteína, cálcio
e ferro, mas não pode ser considerado
fonte única desses minerais. Importante para vegetarianos e praticantes de
atividade física. Com sabor que lembra
amendoim torrado, pode ser salpicado
na salada, no sanduíche, no peixe e nos
refogados e também entra na composição da massa de pães e biscoitos. Se
comprado cru, deve ser torrado antes
da utilização. Existe nas versões branca
e preta, que garantem visual diferentes
aos pratos, mas o sabor de ambas é
praticamente o mesmo.
Girassol: é mais rica em vitaminas
D, E (antioxidante) e do complexo B,
que ajuda no metabolismo geral do organismo. Possui bastante fósforo, o
que é benéfico para a formação dos ossos, mas não deve ser usada como fonte única do mineral. Usada como aperitivo e também na massa de pães, nas
sopas e sobre saladas.
Linhaça: ajuda bastante no funcionamento do intestino, devido a suas fibras e também ao seu óleo de poder lubrificante. Muito usada em pães, bolachas e biscoitos.
Sementes oleaginosas
Castanha-do-pará, nozes, pistache,
amendoim, entre outras. Ricas em vitaminas D, E e A e em ácidos graxos insaturados e com poucos ácidos graxos
saturados, o que auxilia na prevenção
de doenças cardiovasculares. Possuem
também bioflavonóides, que ajudam
na prevenção do câncer. Podem ser
usadas no preparo dos mais variados
pratos, como molhos, cremes, sorvetes, massas, recheios e risotos.
Fontes: Tania Rodrigues, nutricionista da RG Nutri; e Maria do Céu, proprietária do Céu Natural e professora de culinária vegetariana
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