São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004
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Internet saudável

Critérios e normas estabelecidos por instituições nacionais e internacionais auxiliam os internautas a buscar informação em sites de saúde na rede

RODRIGO GERHARDT
FREE LANCE PARA A FOLHA

Separar o joio do trigo é um trabalho que permeia toda pesquisa na internet. Com os sites de saúde, a preocupação com a qualidade do conteúdo deve ser redobrada, pelo risco de se adotar recomendações erradas. Para ajudar o leitor em suas buscas, a reportagem do Equilíbrio selecionou alguns sites brasileiros que podem ser marcados entre os favoritos do seu browser. Informações corretas ajudam a disseminar hábitos saudáveis, contribuem para a prevenção de doenças e podem oferecer serviços úteis.
A referência para a escolha dos sites foi o "Manual de Princípios Éticos para Sites de Medicina e Saúde na Internet", do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), e os endereços eletrônicos comerciais que adotam o código de conduta da organização internacional Health On the Net Foundation [Fundação Saúde na Internet: www.hon.ch]. Essa ONG estabeleceu critérios para o uso de informações médicas na rede mundial de computadores. Os sites trazem em sua página principal o selo do HONcode e podem ser consultados no sistema de busca da home page da organização. Mesmo assim, também precisam ser vistos com cuidado, já que é possível que sites não fiscalizados copiem o selo dos que foram recomendados. Entre os princípios básicos de quem põe um site na internet está o da transparência. Deve estar claro para o usuário se o propósito é apenas educativo ou se tem fins comerciais. Por isso todos devem informar quem produziu o conteúdo. "Muitos sites de saúde estão a serviço exclusivamente dos patrocinadores, geralmente empresas de produtos e equipamentos médicos, além da indústria farmacêutica, que, em alguns casos, interferem no conteúdo e na linha editorial, pois estão interessadas em vender" diz o manual do Cremesp. Assim, todo conteúdo de saúde deve ser visto com olhar crítico pelo usuário. "É importante que o internauta consulte mais de uma fonte de informação e observe a atualidade do material. Artigos científicos com mais de cinco anos, sem valor histórico, não devem ser considerados", aconselha o corregedor do Conselho Federal de Medicina Roberto D'ávila. Ele aponta os portais das associações e sociedades médicas e institutos científicos como os preferenciais para a navegação. O problema é que nem todos, com algumas boas exceções, têm conteúdo de fácil entendimento para o público leigo. Uma segunda dica então é verificar a página de links desses sites. A maioria oferece opções relacionadas ao assunto.

Consulta on-line
No Brasil, apesar de o diagnóstico clínico feito pela internet ser proibido, é possível que sites nacionais, como o da Sociedade Brasileira de Cardiologia, respondam a dúvidas de usuários. "Nenhum site deve cobrar pela transmissão de informações de saúde. O pagamento poderia caracterizar uma consulta", explica o conselheiro e membro da comissão de informática do Cremesp, Moacyr Esteves Perche.
Da mesma forma, os sites são proibidos de prescrever medicamentos ou divulgar conteúdo sensacionalista em que prometem tratamentos que ainda estão sendo estudados e não têm seus benefícios comprovados. Aliás, esse é o principal motivo das denúncias que chegam ao Conselho Regional de Medicina desde que a resolução que instituiu o manual de princípios éticos começou a ser aplicada, em fevereiro de 2001.
E assim como seus dados financeiros devem ser protegidos, as informações pessoais ou de saúde também são confidenciais. Observe qual é a política de privacidade do site visitado. Perguntas feitas por usuários ou enquetes e pesquisas de opinião só podem ser identificadas com a autorização do próprio internauta.


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