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verão
Combate aos radicais livres, proteção do DNA das células e prevenção de rugas e manchas estão entre novos atributos dos protetores solares; é preciso saber usá-los
A caminho do mar
FLÁVIA MANTOVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
PRISCILA PASTRE ROSSI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mantra é velho, mas
ainda pouco seguido:
passar protetor solar
diariamente é obrigatório. Com os termômetros
subindo e o sol a pino, a proteção se torna indispensável à
saúde.
Além do conhecido fator de
proteção solar (FPS), os produtos que chegam ao mercado
neste verão alardeiam atributos como combate aos radicais
livres, filtros fotoestáveis, proteção da imunidade e do DNA
das células e prevenção contra
rugas e manchas.
Diante dessa ampla gama de
opções, a pergunta inevitável é:
será que isso tudo é necessário?
Segundo os especialistas, optar
pelo produto mais novo, caro
ou com mais ativos em sua fórmula nem sempre é o ideal. É
preciso levar em conta o tipo de
pele e de exposição ao sol.
"Se a idéia for passar horas na
praia ou na piscina, basta passar um protetor que tenha o
FPS adequado", recomenda a
dermatologista Mônica Maluf.
Se o desejo for se proteger do
sol do dia-a-dia, vale a pena investir em um produto com outros agentes. "Passando todos
os dias, eles não somente protegerão dos raios UV como vão
tratar e hidratar a pele", diz.
Na hora de escolher
Por lei, todos os atributos
alardeados na embalagem dos
protetores precisam ser comprovados pela empresa com estudos científicos. "A questão é
saber até que ponto eles são eficientes", pondera a dermatologista Denise Steiner, presidente da comissão de ensino da Sociedade Brasileira de Dermatologia-Regional São Paulo.
"Uma coisa é um protetor ter
300 funções que, na teoria, são
boas. Outra é penetrar, interagir com o tecido. É complexo."
Entre tantos atributos, um
deles é unanimidade entre os
médicos: a proteção contra os
raios ultravioleta A (ou UVA).
Antes colocada em segundo
plano, a necessidade de reduzir
seus danos é cada vez mais defendida. "Apesar de o UVB ser
mais agressivo, estudos vêm
mostrando que o UVA pode degenerar a célula e causar câncer", diz o dermatologista Mauro Enokihara, coordenador regional da Campanha Nacional
de Prevenção ao Câncer de Pele
e professor da Universidade
Federal de São Paulo.
Além de ter ação coadjuvante
na formação de tumores, a radiação UVA, que incide o tempo todo sobre a Terra, é responsável pelo fotoenvelhecimento,
pela formação de manchas e
pelas alergias de sol. Presentes
em bem menor quantidade, os
raios UVB se concentram nos
horários entre as 10h e as 16h.
"Como os raios UVA não têm
efeitos visíveis por não queimarem a pele, a pessoa não percebe que há algo fazendo mal ao
corpo e acaba se expondo mais
do que deveria", alerta a dermatologista Aurea Lopes.
O problema é que, diferentemente dos raios UVB, para os
quais existe uma medida padrão (o FPS, calculado com base na vermelhidão da pele), não
é fácil saber até que ponto vai a
proteção contra os raios UVA.
Nem todos os produtos trazem
a informação na embalagem, e,
quando trazem, as medidas variam. As duas mais comuns são
o PPD ("persistent pigment
darkening") e a porcentagem.
"Não existe um consenso sobre qual método é mais adequado. Mas os estudos recentes
tendem a achar mais confiável
e reprodutível o PPD", afirma a
dermatologista Flávia Addor,
diretora técnica do Medcin,
instituto que faz pesquisas clínicas para indústrias de cosméticos. Segundo a médica, o ideal
é que o PPD corresponda a pelo
menos um terço do FPS do produto. Se o protetor tiver FPS
30, por exemplo, o ideal é que
tenha, no mínimo, um PPD 10.
Outra característica destacada pelos dermatologistas é a fotoestabilidade -a capacidade de os filtros se manterem estáveis e ativos com a luz solar-,
que começa a ser informada
nos rótulos dos protetores.
A ação antioxidante é outro
ponto destacado pelos médicos. Isso porque o sol leva à formação de radicais livres, que
provocam a morte celular. Os
protetores ajudam a neutralizar essas moléculas.
Como novidade do verão, alguns protetores destacam a
proteção do DNA da célula. A
dermatologista Luna Azulay,
professora da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), esclarece que existe, de
fato, a necessidade de proteger
o código genético, mas ressalta
que não há novidade nisso. "De
manchas a câncer de pele, tudo
pode acontecer se as células tiverem sido lesadas por exposição excessiva ao sol. O protetor
solar ajuda a prevenir esses males. Proteger o DNA sempre foi
papel do fotoprotetor", diz.
Ela também afirma que o
anúncio da capacidade anti-rugas chega a ser redundante em
protetores solares. "Essa é uma
conseqüência do combate eficaz ao fotoenvelhecimento,
que sempre foi a proposta desse produto." Claro que há protetores enriquecidos com vitaminas, hidratantes e outras
substâncias importantes para a
saúde da pele. Mas a fotoproteção por si já é carro-chefe do
combate ao envelhecimento.
Outra característica que começa a ser alardeada é a ação
sobre o sistema imunológico.
"Estudos laboratoriais mostram que alguns ingredientes
têm ação imunoprotetora", diz
Flávia Addor. O objetivo é atuar
sobre uma das conseqüências
do sol no organismo: a redução
da imunidade, que facilita, por
exemplo, o aparecimento de
herpes e micoses.
Escolhendo o FPS
Não adianta optar pelo creme ou gel mais rico em hidratantes e em vitaminas e esquecer a característica mais importante de um protetor solar: o
FPS, ligado aos raios UVB. Um
FPS 30, por exemplo, mostra
que a pessoa está 30 vezes mais
protegida contra esses raios do
que se não usasse nada.
O fator mínimo de proteção
contra UVB recomendado pelos médicos é 15. Pessoas ruivas
e loiras precisam usar, no mínimo, o 30. A partir do ano que
vem, será comum encontrar,
em protetores com fator acima
de 50, a indicação 50+. "Um fator 60 não oferece proteção
muito maior que a 50. O aumento não é proporcional", esclarece Luna Azulay.
E não adianta ter um protetor poderoso e passar pouquinho na pele, para economizar.
Nesse caso, um fator 30 pode
ter efeito de 15. Também é importante não esquecer uma região sensível e que tem tendência a apresentar câncer de pele
com mais facilidade: os lábios
-é recomendável usar protetores específicos (em bastão).
Indicados sobretudo para cabelos finos, claros ou tratados
quimicamente, os protetores
capilares funcionam de forma
diferente daqueles para a pele:
protegem os fios contra o ressecamento, a lesão da cutícula e
outros danos gerados pelo sol.
Quanto aos bronzeadores,
em geral não são recomendados pelos médicos. Além de
oferecerem FPS quase sempre
abaixo de 15, eles incentivam
um processo agressivo: o escurecimento da pele. Ao contrário
de ser um sinal de saúde, o
bronzeamento é uma reação de
defesa do organismo à exposição excessiva ao sol.
Já os autobronzeadores são
considerados seguros porque
agem por um outro processo:
deixam a pele pigmentada sem
necessidade de luz solar.
Cápsulas e roupas
Um protetor solar oral aguarda a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para entrar no mercado
brasileiro. A proposta do Heliocare Cápsulas é proteger a pele
contra os raios UVA. "O produto não evita que o sol entre, mas
que cause danos à pele", diz
João Grillo, gerente regional de
vendas da Melora, representante da marca no Brasil.
Os dermatologistas ressaltam: o papel máximo que qualquer produto via oral pode ter
no processo de proteção solar é
de coadjuvante. "Não há substituto para a boa e velha proteção
solar aplicada diretamente na
pele", diz Mônica Maluf.
Uma novidade já disponível
no país são as roupas com proteção solar. Nesse caso, o tecido
é feito com fios especiais que
bloqueiam a ação dos raios UV.
Duas fabricantes nacionais, a
UVline (www.uvline.com.br)
e a Sun Cover (www.suncover.com.br), testam a proteção dos produtos com base em
um método australiano e garantem que o tecido absorve
98% ou mais dos raios UV.
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