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São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003
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Exercícios tonificam musculatura pélvica

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
Exercícios e dança do ventre aliviaram as cólicas de Fabiana Torres


KATIA DEUTNER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O treinamento diário já dura dois anos, mas a professora aposentada Terezinha Oliveira, 61, nem pensa em parar. Graças aos exercícios, "não passo mais "sufoco'", diz ela, que não está preocupada com os contornos do corpo. O objetivo é tonificar a musculatura pélvica e ficar a salvo da incontinência urinária, que fazia Terezinha recear passeios, atividades físicas e até boas risadas. Os exercícios pélvicos são uma opção no tratamento desse problema que afeta muitas mulheres, interferindo diretamente em sua qualidade de vida. Segundo o urologista Homero Bruschini, chefe do Grupo de Urologia Feminina e Distúrbios da Micção da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), dados preliminares de um estudo em andamento já apresentaram uma forte correlação entre a depressão e a falta de controle da bexiga. Embora seja mais frequente na terceira idade, a incontinência urinária pode constranger também mulheres mais jovens. Outra pesquisa realizada pela Unifesp, em Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, avaliou 1.200 mulheres com idade acima de 15 anos, das quais 22% apresentavam perda involuntária de urina.

Movimentos simples
Para realizar os exercícios, é necessário receber orientação especializada de médicos, enfermeiros ou fisioterapeutas. Os movimentos não são complicados, mas é obrigatório saber qual músculo deve ser trabalhado e de que maneira isso deve ser feito. "Os exercícios precisam ser ensinados, não dá para explicá-los verbalmente", afirma Bruschini. A Unifesp mantém um grupo de enfermeiras e fisioterapeutas que orienta gratuitamente as pacientes a exercitar os músculos corretamente e de maneira personalizada. "Elaboramos um histórico clínico da paciente: quantas vezes vai ao banheiro, o quanto perde de urina e qual a capacidade de contração e relaxamento da musculatura pélvica", explica a enfermeira Maria Alice dos Santos Lelis. Os exercícios consistem em contrair e relaxar os músculos da região pélvica e perineal -uretra, vagina, bexiga, útero e reto. Feitos pelo menos três vezes ao dia, em sessões de dez minutos, os movimentos simulam a interrupção do ato de urinar, fortalecendo a musculatura. Algumas mulheres precisam do auxílio de cones, introduzidos na vagina como um absorvente interno, que auxiliam na reeducação e na identificação dos músculos do assoalho pélvico -responsáveis pela sustentação da bexiga, do útero e do intestino. "Casos de incontinência leve e moderada são facilmente resolvidos apenas com exercícios pélvicos", explica o urologista Miguel Srougi, da Unifesp. Os resultados podem ser notados após os três primeiros meses. "Nesse período, já dá para saber se os exercícios irão resolver o problema ou não", diz Bruschini. O urologista acrescenta que os exercícios precisam ser feitos todos os dias. "Se parar de fazer, a incontinência volta."

Parto
Na maioria das vezes, o problema tem origem no trabalho de parto, durante o qual a mulher faz um esforço muito grande para expulsar o bebê, o que prejudica a musculatura pélvica. Mulheres na menopausa e com deficiência de estrógeno, fumantes, gestantes e portadoras de infecções no canal da urina podem apresentar a incontinência temporária, que é rapidamente controlada pelos exercícios ou por medicamentos, se eles forem necessários.
Reduzir as cólicas menstruais e a prisão de ventre é outro benefício dos exercícios pélvicos (leia mais na pág. ao lado). "Você aprende a ter um maior controle de seu corpo, fortalecendo e restabelecendo o equilíbrio do assoalho pélvico", explica a fisioterapeuta e professora de dança do ventre Merit Aton. Ela associa a dança com a fisioterapia uroginecológica, propondo às alunas a contração e o relaxamento da musculatura perineal e o fortalecimento dos músculos abdominais por meio de movimentos de quadril.
Logo nos primeiros meses, as cólicas menstruais deram uma trégua para a psicóloga Fabiana Gonçalves Torres, 27. "Um ano depois de começar a dançar e exercitar os músculos pélvicos, eu já não sentia mais cólicas e parei com os remédios", diz ela, que antes chegava a ir para o pronto-socorro por causa das dores.
As contrações e o relaxamento da vagina também são recomendados para melhorar o sexo. O prazer, tanto da mulher quanto do homem, aumenta se alguns dos exercícios pélvicos forem feitos durante a penetração, explica o urologista Sami Arap, do Hospital das Clínicas (HC), da USP. "Os benefícios que os movimentos me trouxeram fizeram com que eu me soltasse mais durante o relacionamento sexual, experimentando variações e ficando mais estimulada", diz a dançarina Fernanda Yazbek, 32.


ONDE
Unifesp: tels. 0/xx/11/5576-4062 e 0/xx/11/5576-4086, às terças e quintas-feiras, das 8h30 às 11h30
Hospital das Clínicas: tel. 0/xx/11/3069-6000


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