São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000
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Hobby é uma coisa, lazer é outra

"A falta de um hobby não significa que a pessoa não tenha lazer." As palavras do sociólogo Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc-SP, provam que hobby e lazer têm significados parecidos, mas não são a mesma coisa.
Para Gisela Taschner, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, o lazer é como uma sombra. "É um conceito difícil de ser delimitado. Em tese, seria fazer algo no ritmo determinado pela vontade da pessoa e que, em determinadas situações, pode até se transformar no próprio trabalho."
Já o hobby não pode ser confundido com o trabalho. "Ele requer disciplina, mas não pode ser visto como obrigação", explica o filósofo Antônio Carlos Bramante, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). "O hobby é uma atividade mais fechada, que não tem como pressuposto o contato com o outro", completa Teixeira Coelho, professor da ECA (Escola de Comunicação e Artes), da USP (Universidade de São Paulo).
Mais do que reunir, distrair e comover as pessoas, o lazer também gera emprego. O turismo e as demais manifestações culturais e esportivas são a prova disso.
Preocupada com a falta de tempo que executivos dedicam a atividades extra-trabalho, o grupo Catho, empresa de consultoria em recursos humanos e recolocação profissional, fez uma pesquisa em maio de 97 para avaliar como o assunto é tratado pelos profissionais executivos.
Foram entrevistados 625 executivos brasileiros. Constatou-se, então, que 50% dos executivos entre 40 e 70 anos de idade, por exemplo, dedicam duas horas do tempo livre à leitura de livros ou revistas relacionadas aos negócios.
Já quando o assunto é férias, 17% dos entrevistados afirmaram ter tirado apenas uma semana ou menos de descanso por ano. Com relação ao tempo dedicado a um hobby, a maioria disponibilizou apenas 3,65 horas por semana a uma determinada atividade.
Quando a mesma pergunta foi feita para executivos de 40 a 44 anos, o tempo destinado ao lazer aumentou. Cada entrevistado disponibilizou 4,7 horas por semana a atividades extra-trabalho.
A pesquisa, apesar de restrita, mostra que o brasileiro não usufrui o seu tempo de ócio. "O ritmo de vida da sociedade moderna é agitado demais. Ainda teremos de aprender a lidar com isso", conclui Taschner.


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