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Efeito

Mesmo corpos perfeitos são alterados no treino e criam novos padrões

DE SÃO PAULO

A densidade é a relação entre a massa de um corpo e o volume que ele ocupa. Conceito da física que parece não ter relação com o esporte, mas que pode definir um pódio para o Brasil em Londres.

Essa é a nova variável que o técnico Albertinho leva em consideração na PRO 16, time do nadador Cesar Cielo.

Além de monitorar fatores como peso e gordura, o time agora tenta encontrar a densidade ideal de cada atleta. Achar a equação perfeita pode representar ganhos de centésimos nas piscinas.

"Pegamos as características de cada um e acompanhamos seus melhores momentos em cada ciclo de treino nos últimos anos para achar esses dados", diz o médico do esporte Gustavo Magliocca.

"Estamos fazendo algo totalmente novo. Pode ser que não faça diferença, mas pode ser o nosso diferencial."

A equipe tem na mão nadadores com biótipos perfeitos, como Cielo e Thiago Pereira. Mas até eles são alterados pelo treinamento.

Thiago, por exemplo, já nadou com 16% a 17% de

gordura corporal e cerca de 75 kg de massa magra. Hoje, está com total de 85,5 kg e deve chegar a Londres com de 8% a 10% de gordura.

O mesmo ocorre em outros esportes. Fernando Reis treina muito as pernas para levantar 225 kg nas competições. E moldou um corpo fora dos padrões. Cada uma de suas coxas tem 92 cm. Ele compra calças nos EUA.

A propensão genética e o tipo de exercício também criam corpos diferentes na mesma modalidade. Cielo tem ombros largos e pernas mais finas, típicos de velocistas. Thiago, do medley, tem coxas e panturrilhas grossas.

Atletas de alto rendimento podem ter o coração aumentado -é preciso avaliação médica para verificar se há riscos à saúde ou se é só consequência do exercício.

Algumas transformações invisíveis podem ser avassaladoras para a performance.

O ciclista Lance Armstrong melhorou sua eficiência muscular em 8% entre 1992 e 1999, ano de seu primeiro título da Volta da França. Algo raro. Estudiosos apontam que ele transformou as fibras musculares. Como resultado, sua média de pedaladas foi de 85 para 105 por minuto.

"O cara dos 100 m tem aquele perfil, aí começa a desenvolver as fibras para serem mais rápidas, intensifica o trabalho aeróbico curto, treina velocidade. O corpo vai se adaptando", diz o médico do esporte Ricardo Nahas.

As alterações nem sempre agradam. "Algumas sentem falta de curva, corpo de modelo. Eu estou feliz", diz Adriana Silva, maratonista.

Mulheres também podem ter a menstruação alterada, principalmente em esportes que controlam muito o peso.

Com baixos níveis de gordura, o corpo tem dificuldade para sintetizar hormônios femininos. "Em algumas épocas de treino, falha mesmo", diz a ginasta Daniele Hypólito, do Flamengo.

(BM E ML)

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