São Paulo, 2 de outubro de 1999

REPERCUSSÃO


Francisco Weffort, ministro da Cultura - “Abre-se a lacuna que sua falta representará para todos nós que amamos a arte e a cultura. Mas abre-se-nos também a oportunidade de seguir-lhe os exemplos e cuidar do legado que nos deixa. Quanto a sua morte, ocorrida quase às portas do seu centenário, preferimos apenas lamentá-la _e muito.”

Júlio Neves, arquiteto e diretor do Masp - “Para Pietro, foi um descanso, devido à sua doença, mas para nós é um luto, pois é um dos dez maiores homens do mundo.”

Rodolfo Konder, secretário de Cultura do município de São Paulo - “O Masp é um templo onde devemos reverenciar a figura de Bardi permanentemente. Tudo o que administramos é resultado do esforço dele.”

Luís Osaka, vice-curador-chefe do Masp - “A importância de Bardi não está apenas na constituição do acervo do Masp, mas na concepção de uma escola de arte. Para ele, importava formar novas gerações paras as artes. Ele era entusiasmado e um trabalhador incansável.”

Fábio Magalhães, presidente da Fundação Memorial da América Latina - “Perdemos uma das figuras brasileiras mais importantes deste século. Alguém que trouxe um olhar abrangente, sem preconceitos e culto ao país.”

José Roberto Aguilar, artista plástico e diretor da Casa das Rosas (SP) - “Inimaginável a perda de Pietro. O Masp, criado por ele e Lina, deveria chamar-se Museu de Arte Assis Chateubriand e Pietro Maria Bardi. Seria o mínimo de reconhecimento que lhe é devido. Acho a tentativa de exorcizar Pietro e Lina do Masp, no mínimo, muito estranha.”

Ruy Ohtake, arquiteto - “Falando no âmbito da arquitetura, Pietro foi ousado ao imaginar o Masp, cuja arquitetura é de Lina, mas a invenção é sua.”

Jorge da Cunha Lima, diretor presidente da Fundação Padre Anchieta - “Além de ser uma das dez figuras mais importantes para a cultura brasileira neste século, ele nos ensinou a modernidade com seu trabalho. Uma vez, Pietro desabafou comigo: ‘Nunca consegui uma doação espontânea. Exceto uma, feita pela família Segall’. Sua luta foi no sentido de civilizar as elites brasileiras.”

Tadeu Chiarelli, curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo - “Bardi cumpriu um papel. Foi figura fundamental na tentativa de tornar São Paulo um centro de cultura mundial. Sua morte é uma aterrissagem na realidade nua e crua de fim de século, com difíceis perspectivas.”

Paulo Mendes da Rocha, arquiteto - “É uma perda imensa. Nos últimos 50 anos, a atuação do professor Bardi, junto com a de Lina, marcou praticamente todos os grandes eventos artísticos de São Paulo. Uma atuação centrada muito na questão da educação e na dimensão desta cidade.”

Zé Celso Martinez Corrêa, diretor teatral - “Bardi sempre se mostrou solidário a todo tipo de arte que fosse fora do comum, que fosse invenção. Tinha um faro muito particular, de natureza renascentista, para julgar a arte. Baseava-se apenas em seu próprio conhecimento, em seu instinto, sem se preocupar com as ondas do mercado. Era um verdadeiro produtor de arte. Não era colonizado nem colonialista.”

Nelson Leirner, artista plástico - “Bardi sempre teve grande sensibilidade com a contemporaneidade, o que fazia com que o Masp, nos anos em que foi gerido por ele, fosse um museu vivo, dinâmico, que se renovava, não esse túmulo que é hoje.”

Milu Vilela, diretora do Museu de Arte Moderna de São Paulo - “Foi a personalidade mais importante da arte em São Paulo, no Brasil e na América Latina. Traçou o acervo do Masp e fez, com seu jeito italianão, com que o Chateaubriand comprasse.”

Edemar Cid Ferreira, presidente da Associação Brasil 500 Anos das Artes Visuais - “A importância do Pietro, que também era conselheiro da Fundação Bienal, é que ele nos introduziu na maioridade cultural, abrindo-nos as portas para os mestres da pintura universal, conseguindo, em seu tempo, há coisa de 40 anos, entender quais seriam os pintores fundamentais para nós hoje”.

Gilberto Chateaubriand, empresário e colecionador - “Apesar de seus pesados pecados culturais, que a terra lhe seja leve.”

Marcelo Suzuki, arquiteto - “Ele era muito interessante. Uma vez, fui ao museu para discutir com ele sobre como seria uma exposição. Ele disse: ‘Vamos até o local ver’ _estávamos no andar da administração do Masp. Quando chegamos ao elevador, naturalmente me afastei para dar passagem. Ele, que era forte como um touro, me deu um empurrão no ombro, me jogou lá para dentro do elevador: ‘Os mais importantes primeiro’.”

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.