São Paulo, 2 de outubro de 1997

Acervo reaparece hoje com
obras de Monet e Churchill


Museu organiza em formação inédita mostra de 88 peças que estavam guardadas em sua reserva técnica, entre elas, a primeira tombada pelo Masp e pinturas que retratam Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand

da Redação

A partir de hoje, os olhares de São Paulo podem matar as saudades de 88 peças do acervo do Masp. A coleção do museu sai das reservas técnicas com uma formação inédita.
Para essa comemoração dos 50 anos, foram selecionadas desde peças consagradas, como ''A Canoa Sobre o Epte'', de Monet, até obras-surpresa, como o traje ''Costume do Ano 2045'', de Salvador Dalí.
Na recepção aos visitantes, no primeiro andar, está a primeira peça tombada pelo museu, em 1947: ''A Crucificação e a Virgem com o Menino entre Anjos, Santos e os Símbolos dos Evangelistas'', atribuída a um ''pintor umbro anônimo do início do século 14''. Ao lado desta, estão homenageados os dois pilares do Masp. De um lado, o ''Retrato de Assis Chateaubriand'', de Flávio de Carvalho. De outro, a homenagem de Wesley Duke Lee para Pietro Maria Bardi: ''Através do Espelho Mágico''.
Outra homenagem completa o pequeno time de brasileiros presentes na exposição. É o quadro "Retrato de Tarsila", que Anita Malfatti pintou para sua colega modernista Tarsila do Amaral
Como de costume, a montagem segue a região de origem dos trabalhos. O primeiro bloco é o maior e o mais heterodoxo, ''França e Escola de Paris''.
Cronologicamente, começa com a obra ''O Banho de Diana'', de François Clouet (1510-1572), e termina com ''A Grande Árvore'', que o lituano Chaim Soutine (1893-1943) produziu em Paris, em 1942.
Assim como Soutine, o holandês Van Gogh, o italiano Modigliani e o russo Chagall estão ao lado dos franceses.
Todos foram membros da chamada Escola de Paris, termo que aglutina adeptos da pintura moderna que se estabeleceram na capital francesa.
Lamentavelmente, o belo ''Menino Nu e Tartaruga'', de Vicente do Rego Monteiro (1889-1970), ficou de fora da mostra. O pernambucano, que morou em Paris a partir dos anos 20, é considerado um dos grande nomes dessa escola.
Em compensação, estão na mostra dois dos três Picasso do Masp: ''O Busto de Mulher'', que segundo Bardi foi a primeira obra comprada para o museu, e ''Atleta''.
Entre os franceses ''nativos'', estão os quatro Nattier (1685-1766) doados pelo Congresso Nacional em 1958, ''O Negro Scipião'', de Cézanne, tela que Monet guardava em seu quarto, e duas esculturas em bronze e um desenho em lápis e aquarela de Rodin.
A fatia espanhola da mostra é reforçada por uma obra de El Greco (1541-1614), que como indica o nome, nasceu na Grécia, mas viveu na Espanha.
O grande destaque, no entanto, é Francisco Goya y Lucientes (1746-1828). Além do imponente ''O Cardeal Don Luis Maria de Borbón y Vallabriga'', o artista tem em exposição mais quatro telas e cinco gravuras da série ''Tauromaquia''.
No terceiro núcleo, se destacam Post, Rembrandt e Bosch.
Entre as pinturas inglesas, estão três grandes mestres das paisagens. O estilo do primeiro, Thomas Gainsborough (1727-1788), se formou a partir de diversas fontes, de retratos à Van Dyck até paisagens influenciadas por Rubens.
Os outros, Constable e Turner, são considerados dois dos mais importantes precursores do impressionismo.
Um quarto artista também chama atenção. Não pela habilidade com a paleta, mas pelo nome. A obra é ''A Sala Azul de Trent Park''. O autor, Winston Spencer Churchill, chanceler britânico que ajudou a derrotar os alemães na Segunda Guerra.
(CASSIANO ELEK MACHADO)

Exposição: Masp, 50 Anos - Destaques do Acervo
Quando: ter a sex, das 9h às 22h; sáb e dom, das 8h às 22h; até 31/1
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, primeiro andar, tel. 011/251-5644)
Quanto: R$ 8 e R$ 4 (estudante) _inclui ''Michelangelo''


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