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Morre Antônio de Spínola, líder da democratização
de Portugal
Aos 86,
marechal foi vítima de embolia pulmonar
JAIR RATTNER
especial para a Folha
Morreu ontem em Lisboa o marechal Antônio de Spínola, primeiro
presidente após a queda da ditadura portuguesa e uma das principais
figuras da revolução de abril de 1974, que trouxe a democracia
ao país. Aos 86 anos, ele foi vítima de embolia pulmonar.
O livro de Spínola "Portugal e o Futuro" foi um dos inspiradores
do movimento militar que trouxe a democracia ao país. Publicado
em fevereiro de 1974, dois meses antes da Revolução dos
Cravos, mostrou as divisões na cúpula do Exército
a respeito da guerra para manter as colônias africanas.
No livro, Spínola expressava a posição da maioria
dos militares portugueses, que pretendia uma solução negociada
para a guerra colonial. Contra a postura rígida do governo português,
propunha a formação de uma confederação com
as colônias africanas.
Durante o movimento militar dos capitães, em 25 de abril, o ditador
Marcelo Caetano colocou como condição para se render que
o poder fosse entregue a um general.
Spínola foi chamado pelos revoltosos para evitar derramamento de
sangue e, no mesmo dia, foi nomeado presidente do país pela Junta
de Salvação Nacional.
Spínola tentou um golpe em março de 1975, para impedir que
os comunistas tomassem o poder. O golpe falhou e acabou fortalecendo do
PC e iniciando a reforma agrária e as nacionalizações.
Após a tentativa de golpe, Spínola exilou-se no Brasil,
de onde dirigiu o Movimento Democrático de Libertação
de Portugal.
Ele só voltou a Portugal em 1976. Em 78 foi reintegrado ao Exército
e, em 81, promovido a marechal.
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