São Paulo, 14 de Agosto de 1996


Morre Antônio de Spínola, líder da democratização de Portugal


Aos 86, marechal foi vítima de embolia pulmonar

JAIR RATTNER
especial para a Folha

Morreu ontem em Lisboa o marechal Antônio de Spínola, primeiro presidente após a queda da ditadura portuguesa e uma das principais figuras da revolução de abril de 1974, que trouxe a democracia ao país. Aos 86 anos, ele foi vítima de embolia pulmonar.
O livro de Spínola "Portugal e o Futuro" foi um dos inspiradores do movimento militar que trouxe a democracia ao país. Publicado em fevereiro de 1974, dois meses antes da Revolução dos Cravos, mostrou as divisões na cúpula do Exército a respeito da guerra para manter as colônias africanas.
No livro, Spínola expressava a posição da maioria dos militares portugueses, que pretendia uma solução negociada para a guerra colonial. Contra a postura rígida do governo português, propunha a formação de uma confederação com as colônias africanas.
Durante o movimento militar dos capitães, em 25 de abril, o ditador Marcelo Caetano colocou como condição para se render que o poder fosse entregue a um general.
Spínola foi chamado pelos revoltosos para evitar derramamento de sangue e, no mesmo dia, foi nomeado presidente do país pela Junta de Salvação Nacional.
Spínola tentou um golpe em março de 1975, para impedir que os comunistas tomassem o poder. O golpe falhou e acabou fortalecendo do PC e iniciando a reforma agrária e as nacionalizações.
Após a tentativa de golpe, Spínola exilou-se no Brasil, de onde dirigiu o Movimento Democrático de Libertação de Portugal.
Ele só voltou a Portugal em 1976. Em 78 foi reintegrado ao Exército e, em 81, promovido a marechal.



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