São Paulo, 19 de Maio de 1996


Colecionador faz CD-ROM


Do enviado a Buenos Aires


Nicolás Helft, 37, filho de um dos maiores colecionadores de arte moderna da Argentina, George Helft, prepara o primeiro CD-ROM sobre Borges, que deve ser lançado em junho. Junto com seu pai, Nicolás dirige a Coleção Borges, que reúne em Buenos Aires o maior acervo do mundo sobre o escritor.
Localizada numa casa espaçosa no tradicional bairro de San Telmo, a coleção guarda um material extenso e precioso: 1.500 exemplares de livros escritos, traduzidos ou prefaciados por Borges, 40 livros que foram da biblioteca do escritor, mais de cem fotos originais dele e de sua família, uma centena de manuscritos (alguns inéditos, de conferências), coleção completa de jornais e revistas nos quais Borges publicou mais de 1.300 textos, quase 10 mil entrevistas e artigos de jornais sobre Borges (2.500 deles já indexados).
Há, além disso, dezenas de filmes, vídeos e fitas gravadas com entrevistas ou conferências de Borges.
Boa parte do acervo, cujo acesso é público, já está informatizada. O público paulistano poderá ter uma idéia do que existe na Coleção Borges em outubro, quando será realizada no Masp uma exposição com parte do acervo, incluindo desenhos feitos por Borges na infância.
Segundo Nicolás Helft, a coleção começou a ser montada há pouco mais de dez anos, quando Borges ainda vivia.
''Quando Borges morreu, grande parte de suas coisas pessoais, manuscritos, livros, fotografias, primeiras edições, foi colocada à venda pela família na casa Sotheby's, de Londres. Fizemos uma oferta e pagamos pela base: US$ 20 mil. Esse acervo se valorizou enormemente nesses dez anos. Hoje oferecem US$ 3 mil ou 4 mil por um único exemplar da primeira edição de 'Fervor de Buenos Aires'.''
O CD-ROM que Nicolás Helft está preparando terá prólogo do escritor Ricardo Piglia e desenho do artista plástico Guillermo Kuitca.
''Não é um CD-ROM para especialistas, embora estes também possam encontrar ali material inédito útil para seus estudos. É um CD-ROM de introdução a Borges e seu universo. Terá muito material iconográfico e sonoro, e sua 'navegação' será muito lúdica.''



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