São Paulo, 5 de Fevereiro de 1999


O TÍTERE

Canto agora a um compadrito
Que já foi patrono e ornato
Das casas não muito santas
Do bairro do Triunvirato.
Esmerado no vestir-se
E meio mandão no trato;
Negro o chapéu, negra a roupa,
Negro o verniz do sapato.
Como um raio no manejo,
Punha a marca de imediato
Na cara do mais faceiro,
Num só pulo, feito gato.
Bailarino e jogador,
Mestiço ou talvez mulato,
Mimava-o o cortiço, agora
Chamado de pensionato.
Não desgostava às mulheres
Do meretrício barato
O amor desse homem valente
Que lhes dava um belo trato.
O homem, como é bem sabido,
Tem assinado um contrato
Com a morte. Em cada esquina
O espreita um destino ingrato.
Um balaço o derrubou
Em Thames com Triunvirato;
Já se mudou para um bairro
Vizinho: a Quinta del Ñato.



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