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PÓS-DOUTORADO
No topo, pesquisador opta por sair e arejar ideias
Doutor faz estágio em grupos de pesquisa de outras universidades
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Diferentemente das outras
modalidades de pós-graduação,
o pós-doutorado não oferece
um novo título, e sim a possibilidade de doutores fazerem um
estágio em um grupo de pesquisa de outra instituição.
"É uma oportunidade de dedicação à pesquisa científica
em tempo integral", explica
Jean Tavares, que faz pós-doutorado em engenharia mecatrônica na Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo.
Durante o curso, o pesquisador conta com um supervisor,
que acompanha seu desempenho. Além disso, para prestar
contas à instituição e ao órgão
de fomento, precisa fazer relatórios de suas atividades.
Ao final, pode tentar a publicação do trabalho em uma revista científica. O processo
"oxigena" conhecimentos e,
consequentemente, a instituição à qual o pesquisador pertence, diz Isak Kruglianskas,
chefe do departamento de administração da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
Universidade de São Paulo).
Para ele, o programa oferece
novos ângulos para olhar um
mesmo assunto e aprimorar a
formação do pesquisador.
Vagas raras
O panorama de oportunidades, porém, é mais restrito.
Poucas empresas privadas no
Brasil contam com centros de
pesquisa voltados à inovação.
Mesmo nas multinacionais
que desenvolvem novas tecnologias, esses centros muitas vezes ficam em outros países.
Por isso, quem decide seguir
o caminho do desenvolvimento
científico encontra mais oportunidades nas áreas de docência e pesquisa das universidades ou prefere prestar concursos públicos para os quais os títulos contam pontos.
Esse é o caso de Andrea Betioli, que chegou à metade do
pós-doutorado em engenharia
civil e pretende prestar concurso para dar aulas depois de concluir o programa, neste ano.
Ela integra um grupo da USP
que pesquisa materiais que
substituam o amianto em telhas. Vários países proibiram a
substância, considerada cancerígena. No Brasil, seu uso é permitido em alguns Estados (foi
banido em São Paulo), e empresas criaram políticas internas
para eliminá-lo de produtos.
"O custo dos importados é
elevado, e nosso objetivo é oferecer uma alternativa", diz.
Mesmo assim, ela acredita
que terá dificuldades para arranjar vaga em uma companhia
que aproveite conhecimentos
desenvolvidos no projeto.
"Dá para melhorar a qualidade dos produtos feitos aqui,
mas é difícil encontrar empresas que apostem", diz.
(JV)
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