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ELEIÇÕES 2004
SÃO PAULO
Datafolha mostra que Serra impõe maior distância a Marta em áreas tradicionalmente de direita
Redutos malufistas devem decidir 2º turno
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO
Os redutos malufistas devem ser
o fiel da balança no segundo turno da disputa pela Prefeitura de
São Paulo, quando, pela primeira
vez em 12 anos, Paulo Maluf (PP)
deve ficar fora da reta final.
Se a eleição fosse hoje, seria nessas regiões em que José Serra
(PSDB) mais se distanciaria de
Marta Suplicy (PT), segundo dados desmembrados da pesquisa
Datafolha feita anteontem.
No total da cidade, sempre de
acordo com a projeção da pesquisa para o segundo turno, Serra
chega a 51% dos votos, contra
40% da petista, vencendo nas
quatro macrorregiões -norte,
sul, leste e oeste. Nos redutos malufistas, no entanto, a diferença
entre eles vai a 33 pontos.
A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
As macrorregiões -com exceção da zona oeste- são divididas
em 1 e 2. O tucano atinge seus melhores índices nas sub-regiões 1
-no entorno do centro expandido, com mais renda e urbanização.
São elas que se sobrepõem aos
bolsões nos quais o malufismo teve um desempenho superior à sua
média de votação nas últimas
quatro eleições, segundo um estudo do Centro de Estudos da Metrópole do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
"Marta precisa, de alguma forma, conquistar os moradores dessas regiões como tem feito com
seus vizinhos, nos extremos da cidade", diz Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha. Foram os
extremos da cidade, lembra Paulino, o principal alvo do PT para visitas domiciliares de cabos eleitorais pagos e telemarketing.
A favor da tarefa petista, o Datafolha mostra uma trajetória ascendente de Marta nas projeções
de segundo turno -ela cresce em
quatro das sete sub-regiões em
comparação à pesquisa feita em
24 de setembro .
Contra, porém, os dados evidenciam que é justamente onde o
PT precisa ganhar eleitores -nas
áreas leste 1, norte 1 e sul 1- que
Marta tem os maiores índices de
rejeição: 42%, 41% e 33%, respectivamente, acima de sua média na
cidade, que fica em 31%.
Apoio estratégico
A saída, portanto, seria cobiçar
os que dizem escolher Maluf no
primeiro turno -cerca de 12%
do eleitorado-, mas uma eventual proximidade pública do candidato do PP pode ser um tiro no
pé, avaliam os cientistas políticos.
O "antagonismo histórico" entre
os candidatos inviabilizaria o
acordo às claras.
"Esse tipo de estratégia tem de
ser analisado com cuidado. O
apoio explícito de Maluf pode tirar votos de Marta", afirma Paulino. "Lembro da eleição de 1998,
quando [Francisco] Rossi, que
criticava o Maluf no primeiro turno, o apoiou contra Covas. Maluf
perdeu votos. A transferência de
voto nunca é automática."
O problema pode ser a rejeição
que Maluf tem entre os eleitores
petistas. "O eleitorado da Marta é
mais ideológico e pode se sentir
pouco confortável ao lado de malufistas. Um apoio subliminar deve ser mais produtivo para o PT",
avalia o cientista político Rogério
Schmitt. Nos bastidores já se fala,
há meses, em um pacto de não-agressão entre as duas legendas.
A pesquisa Datafolha, que mostrou Serra e Marta empatados no
1º turno com 34% das intenções
de voto, ouviu 1.704 eleitores. O
levantamento está registrado no
Tribunal Regional Eleitoral sob o
número 005000104-SPPE.
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