São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004

SÃO PAULO

Datafolha mostra que Serra impõe maior distância a Marta em áreas tradicionalmente de direita

Redutos malufistas devem decidir 2º turno

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO

Os redutos malufistas devem ser o fiel da balança no segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo, quando, pela primeira vez em 12 anos, Paulo Maluf (PP) deve ficar fora da reta final.
Se a eleição fosse hoje, seria nessas regiões em que José Serra (PSDB) mais se distanciaria de Marta Suplicy (PT), segundo dados desmembrados da pesquisa Datafolha feita anteontem.
No total da cidade, sempre de acordo com a projeção da pesquisa para o segundo turno, Serra chega a 51% dos votos, contra 40% da petista, vencendo nas quatro macrorregiões -norte, sul, leste e oeste. Nos redutos malufistas, no entanto, a diferença entre eles vai a 33 pontos.
A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
As macrorregiões -com exceção da zona oeste- são divididas em 1 e 2. O tucano atinge seus melhores índices nas sub-regiões 1 -no entorno do centro expandido, com mais renda e urbanização.
São elas que se sobrepõem aos bolsões nos quais o malufismo teve um desempenho superior à sua média de votação nas últimas quatro eleições, segundo um estudo do Centro de Estudos da Metrópole do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
"Marta precisa, de alguma forma, conquistar os moradores dessas regiões como tem feito com seus vizinhos, nos extremos da cidade", diz Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha. Foram os extremos da cidade, lembra Paulino, o principal alvo do PT para visitas domiciliares de cabos eleitorais pagos e telemarketing.
A favor da tarefa petista, o Datafolha mostra uma trajetória ascendente de Marta nas projeções de segundo turno -ela cresce em quatro das sete sub-regiões em comparação à pesquisa feita em 24 de setembro .
Contra, porém, os dados evidenciam que é justamente onde o PT precisa ganhar eleitores -nas áreas leste 1, norte 1 e sul 1- que Marta tem os maiores índices de rejeição: 42%, 41% e 33%, respectivamente, acima de sua média na cidade, que fica em 31%.

Apoio estratégico
A saída, portanto, seria cobiçar os que dizem escolher Maluf no primeiro turno -cerca de 12% do eleitorado-, mas uma eventual proximidade pública do candidato do PP pode ser um tiro no pé, avaliam os cientistas políticos. O "antagonismo histórico" entre os candidatos inviabilizaria o acordo às claras.
"Esse tipo de estratégia tem de ser analisado com cuidado. O apoio explícito de Maluf pode tirar votos de Marta", afirma Paulino. "Lembro da eleição de 1998, quando [Francisco] Rossi, que criticava o Maluf no primeiro turno, o apoiou contra Covas. Maluf perdeu votos. A transferência de voto nunca é automática."
O problema pode ser a rejeição que Maluf tem entre os eleitores petistas. "O eleitorado da Marta é mais ideológico e pode se sentir pouco confortável ao lado de malufistas. Um apoio subliminar deve ser mais produtivo para o PT", avalia o cientista político Rogério Schmitt. Nos bastidores já se fala, há meses, em um pacto de não-agressão entre as duas legendas.
A pesquisa Datafolha, que mostrou Serra e Marta empatados no 1º turno com 34% das intenções de voto, ouviu 1.704 eleitores. O levantamento está registrado no Tribunal Regional Eleitoral sob o número 005000104-SPPE.


Próximo Texto: Frases
Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.