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Para ministra, operação teve intuito de beneficiar PSDB
FÁBIO ZANINI
EM SÃO PAULO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) e o coordenador da
campanha de Luiz Inácio Lula
da Silva à reeleição, Marco Aurélio Garcia, disseram ontem
que o vazamento das fotos do
dinheiro apreendido pela Polícia Federal para a compra do
dossiê contra os tucanos teve
motivação política.
O delegado da PF Edmilson
Pereira Bruno admitiu ter distribuído as imagens à imprensa. "Ele [o delegado] chamou os
jornalistas e disse que iria entregar as fotos, apesar de estarem em segredo de Justiça,
porque queria prejudicar de
forma grave o candidato Lula",
afirmou Dilma, que não citou o
nome de Bruno.
Segundo ela e Garcia, a conversa de jornalistas com o delegado ocorreu reservadamente,
mas teria sido gravada por três
repórteres. Os dois fizeram as
declarações contra o delegado
da PF antes de o próprio Bruno
dizer publicamente que havia
distribuído o CD anteontem.
Até o vazamento das fotos do
dinheiro, a PF vinha sendo acusada pela oposição de estar a
serviço do governo Lula, retardando as investigações para
que elas não fossem concluídas
antes das eleições.
Bruno participou da operação de prisão dos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, no último dia 15, quando foi
apreendido cerca de R$ 1,7 milhão. O dinheiro seria usado para adquirir da família Vedoin
um dossiê contra o candidato
tucano ao governo de São Paulo, José Serra.
Três dias depois da operação,
Bruno foi afastado do caso. A
PF nega e argumenta que o delegado era apenas o plantonista
no final de semana em que a
operação foi deflagrada.
Golpismo
Dilma classificou a distribuição das fotos como uma operação "deplorável e golpista", que
teria o objetivo de "influenciar
o voto da população e beneficiar o PSDB".
Ela comparou o episódio à
prisão dos seqüestradores do
empresário Abílio Diniz, dono
do Grupo Pão de Açúcar, em
1989, uma "tentativa de criar
fatos para alterar o equilíbrio
eleitoral". Na época, Lula disputava pela primeira vez a Presidência da República. Na apresentação dos seqüestradores à
imprensa, alguns deles vestiam
camisetas do PT.
A ministra informou que o
comando da campanha de Lula
solicitou ao Ministério da Justiça investigação para esclarecer a "motivação do vazamento" das fotos à imprensa.
Para a chefe da Casa Civil, se
a investigação provar a atuação
de delegados da PF no caso, será uma "mancha" para o projeto de profissionalização do órgão durante o governo Lula.
"É grave, porque nosso esforço foi o de profissionalizar a PF,
para que ela atue como uma organização de Estado."
Desequilíbrio
Para Garcia, a imprensa sonegou algumas informações,
praticou autocensura e ignorou
a confissão de um delito pelo
delegado -a armação do furto
de um CD com as fotos, para
acobertar o vazamento.
Em entrevista coletiva ontem em São Paulo, Garcia relutou em dizer que Bruno era o
responsável pelo vazamento.
"Essa conversa foi gravada
por vários jornalistas. Apareceu [na mídia] a entrega da informação [as fotos], mas sem a
parte de que era um gesto político", afirmou Garcia.
Segundo o petista, houve
"tratamento desequilibrado"
por parte da imprensa. "Gostaríamos que a imprensa cumprisse o seu papel de informação. Seria revelar o conjunto da
trama, inclusive as expressões
que foram utilizadas por esse
delegado com claríssima conotação política", declarou.
Garcia disse que está fora de
cogitação alguma medida judicial obrigando os órgãos de imprensa a revelar o suposto teor
da conversa com o delegado.
A campanha, segundo ele, espera que a mídia aja espontaneamente. "Esperamos que
não predomine a autocensura
quando se trata de interesse
nacional. [...] Não fazendo isso,
sem dúvida configura sonegação de informação."
Garcia disse que algumas das
informações têm "caráter delitual". "Quando um delegado
diz que vai forjar um boletim de
ocorrência, a imprensa está
sendo informada de um delito."
O coordenador da campanha
admitiu que a divulgação das
imagens tem forte impacto político e eleitoral, mas não quis
precisar se isso ameaçaria a vitória de Lula no primeiro turno. Segundo ele, a PF tomará
providências contra o delegado
Bruno.
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