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ELEIÇÕES/LEGISLATIVO
CÂMARA
Pelo menos 50% dos deputados voltarão
PMDB deverá ser o partido com maior bancada na Câmara, em eleição que tem dez candidatos por vaga, um número recorde
Maluf disputa com Clodovil o posto de candidato mais
votado do país; legendas envolvidas no mensalão
serão as maiores perdedoras
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As eleições de hoje reúnem o
maior número de candidatos
da história para a disputa das
513 cadeiras da Câmara dos Deputados, uma média de 10 postulantes por vaga. Apesar disso,
prognósticos dão conta de que
mais de 50% dos eleitos sairão
do atual grupo de deputados,
incluindo os apontados como
mensaleiros e sanguessugas.
A esses, devem se juntar outros políticos acusados de corrupção, como Paulo Maluf (PP-SP), que disputa com o apresentador Clodovil (PTC-SP) o
favoritismo para ser o deputado federal mais votado do país.
Analistas políticos apontam
que o PMDB será o grande vitorioso. Sairá de uma bancada de
78 deputados para 100 ou mais
-cerca de 20% da Câmara. O
PT (81 deputados) e os oposicionistas PFL (64) e PSDB (59)
manteriam, com ligeiras alterações, a sua atual representação.
"PMDB, PT, PSDB e PFL
permanecerão como os quatro
grande partidos brasileiros",
diz recente análise feita pelo
Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) em parceria com o site
"Congresso em Foco".
"Entre os partidos médios, o
PSB é o que mais deverá crescer. Entre os pequenos, duas
surpresas, o PMN e o PTC. Mas
o PSOL não se sairá mal para
um partido em formação",
acrescenta o texto.
O estudo aponta ainda que
três partidos que tiveram grande envolvimento com o escândalo do mensalão -PTB, PP e
PL- devem encolher e até serem superados, individualmente, pelo PSB. O Diap prevê
que PTB, PL e PP cairão de 106
cadeiras para no máximo 80.
Contrariando previsão do
início do ano, o Diap diz agora
ser pouco provável que "a Câmara chegue a ter um índice de
renovação de 50%". Em 1990
esse índice foi de 62%.
A possibilidade de reeleição
de políticos sob suspeita, além
da chegada de outros acusados
de irregularidades, levou integrantes da CPI dos Sanguessugas a marcar para a terça-feira
uma manifestação pela moralização do Congresso.
Segundo o presidente da CPI,
deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), o movimento exigirá o fim ou a diminuição da
distribuição de várias verbas
para os deputados, como os R$
15 mil mensais para manutenção de escritórios nos Estados.
"Sendo eleitas essas pessoas,
isso não significa que a minoria
que os elegeu determinará a
vontade da maioria", disse Fernando Gabeira (PV-RJ), que
pedirá prioridade no julgamento da cassação de supostos sanguessugas. O deputado disse
também que, dependendo das
decisões judiciais, pode ser pedida a cassação de Maluf no
Conselho de Ética da Casa. O
ex-prefeito é acusado, entre outras coisas, de enviar recursos
ilegalmente para o exterior.
"Cara nova"
Entre as prováveis caras "novas", o estudo lista a comentarista esportiva Soninha, o cantor Frank Aguiar, a vereadora
Cristiane Brasil, filha do deputado cassado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), o ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi (PFL),
Paulo Bornhausen (PFL), filho
do presidente do PFL, Jorge
Bornhausen, José Guimarães
(PT-CE), irmão do ex-presidente do PT José Genoino, e
Jilmar Tatto (PT-SP), aliado da
ex-prefeita Marta Suplicy.
"Além da renovação abaixo
da expectativa, (...) a nova Câmara terá um quê de velha por
outra razão. Em muitos casos, a
renovação se dará pelo retorno
de ex-deputados federais", diz
o Diap, que cita o ex-ministro
da Fazenda Antonio Palocci Filho (PT-SP) e os ex-deputados
Benito Gama (PTB-BA) e Severino Cavalcanti (PP-PE) -que
renunciou sob a acusação, que
nega, de cobrar propina.
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