São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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SERGIPE

Petista usa interlocução com Lula para tentar superar PFL

PAULO ROLEMBERG
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM ARACAJU

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

O candidato ao governo de Sergipe Marcelo Déda (PT), 46, já adotou o discurso de que será um "interlocutor do governo federal na região Nordeste", caso ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sejam eleitos. Lula é padrinho de uma filha de Déda e ambos são fundadores do Partido dos Trabalhadores.
"Creio que, vencendo a disputa deste ano, levarei Sergipe a aumentar a sua importância no debate nacional. Buscarei usar o prestígio político que alcancei para fortalecer a posição do meu Estado e as reivindicações da nossa população."
As pesquisas indicam polarização entre Déda e o atual governador do Estado, João Alves Filho (PFL). Ambos podem vencer a eleição já no primeiro turno, pois a soma dos demais candidatos é ínfima.
Déda acusou o governador de uso da máquina pública para favorecimento de sua campanha à reeleição.
Uma das acusações rendeu pedido de cassação de candidatura de Alves Filho, feito pelo Ministério Público Federal, devido à utilização de ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) estadual em desfiles, supostamente com fins eleitoreiros.
A assessoria do pefelista nega a acusação, afirmando que o desfile foi apenas um ato de governo. O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) ainda está analisando o caso.
Os petistas, por sua vez, também foram alvo de acusações. Alves Filho, em discursos feitos em palanques, acusou Déda de uso eleitoreiro da máquina. O pefelista disse que, durante a gestão de Déda como prefeito de Aracaju, o petista contratou shows superfaturados em inaugurações de obras públicas.
O tema da transposição das águas do rio São Francisco também foi usado para criticar o petista.
"Só agora esse mauricinho [Déda], que está despencando nas pesquisas, tem a cara-de-pau de dizer que é contra a transposição, mas eu desmascarei Déda e Lula para todos os sergipanos", disse o governador. "Todos viram Lula defendendo a transposição no Rio Grande do Norte, e, no mesmo dia, em Sergipe, garantindo que a mesma era inviável."
A última bandeira levantada pelo Alves Filho em sua campanha foi a construção de uma refinaria no Estado.
Ele assinou um protocolo de intenções com investidores europeus e disse que a refinaria em Sergipe estaria concluída antes do que a da Petrobras, em Pernambuco.
A polarização entre o pefelista e o petista foi tamanha na campanha que não deu espaço para que os outros candidatos -João Fontes (PDT), Adelson Chaves (PSDC), Toeta (PSTU) e Professor Celestino (PCB)- crescessem nas pesquisas.
Até mesmo o PMDB partiu no Estado por conta da divisão dos filiados no apoio ao PFL ou ao PT para o governo.
Apesar de o partido ter fechado formalmente coligação com o PFL para a reeleição de João Alves, muitos peemedebistas se desligaram do partido para apoiar Déda. A crise levou o partido a ter quatro presidentes em 40 dias.


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