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Lixo e sujeira são alvo das principais críticas
O lixo abandonado nas calçadas é espalhado pelos catadores de papel. Mas quem circula pela
área também reclama do trânsito congestionado
e do consumo de drogas. O principal alvo dos traficantes, de acordo com os moradores, são as
crianças que vivem nas ruas
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é preciso ser morador para se
incomodar com a sujeira do centro de
São Paulo. Qualquer pessoa que transite pela região, a trabalho ou de passagem, reclama. "Tem ruas que até cheiram mal. É horrível", diz a telefonista
Renata Barbosa de Lima, 25, que trabalha na região da praça da República.
Mas, para quem mora na região centro 1, que engloba os distritos Barra
Funda, Bela Vista, Liberdade, República e Santa Cecília, e tem de conviver
com o problema, a sujeira se torna
uma dor de cabeça ainda maior. Não é
à toa que 12% dos habitantes dessa região citaram, na pesquisa do Datafolha, a limpeza como principal problema do local.
É também a atividade em que a prefeitura está se saindo pior na região,
segundo os moradores entrevistados.
Ficou em segundo lugar, citada por
11% das pessoas.
O primeiro problema, assim como
em todas as outras regiões da cidade, é
a falta de segurança (28%). A violência, a propósito, foi citada por 42% dos
moradores do centro 1 como a principal desvantagem de morar em São
Paulo. O percentual está acima da média da cidade, que é de 40%.
Além da sujeira e da violência, 9%
dos moradores dessa região apontaram como problema o tráfico e o consumo de drogas.
Há também outra questão rotineira
no centro, segundo os moradores ouvidos, que é o trânsito. Para 12% o problema é a maior desvantagem de morar na cidade de São Paulo.
A reclamação pode ser comprovada
estatisticamente quando se destaca
que, apesar de 50% das pessoas que
moram no centro 1 trabalharem na
mesma região, o tempo gasto no trânsito é alto: de uma a duas horas, segundo 24% do entrevistados.
Falta de civilidade
A aposentada Minerva Maluf, 74,
que mora na praça Júlio Mesquita há
dez anos, é uma das pessoas que sofre
com a sujeira."Tem dias que para ir à
padaria tenho de ir desviando do lixo
das ruas", diz.
"Além da falta de civilidade das pessoas, que jogam lixo na rua, há o problema dos catadores de papel. Eles reviram os sacos de lixo depositados na
calçada e depois os deixam abertos.
Com o vento e com a chuva, a sujeira
se espalha, deixando as ruas imundas
e os bueiros entupidos."
Na tentativa de fazer algo pelo local
em que mora, Minerva tornou-se
membro da Associação Viva o Centro,
ONG formada por empresas e voluntários que zelam pela área. "Já pensei
em espalhar placas nos postes pedindo educação às pessoas. Os moradores
daqui estão fartos desse problema do
lixo. Todos os dias escuto reclamações
a respeito disso", diz Minerva.
A questão das drogas é mais complicada, uma vez que o centro é palco da
utilização do crack pelas crianças de
rua, segundo os moradores.
Aliciadas por pessoas mais velhas e
vulneráveis por sua condição de vida,
elas são consumidoras freqüentes de
drogas. "É muito triste. Em plena luz
do dia elas ficam nos cantos fumando
crack e cheirando cola", afirma o contador Victor Miguel Souza, 30, que
mora em Santa Cecília e trabalha na
Bela Vista.
Para Minerva Maluf, a forte presença
das drogas tem reflexo até na atuação
daqueles que se preocupam com as
crianças da vizinhança. "Antigamente
fechávamos a rua para criar um espaço para as crianças brincarem. Hoje,
há a preocupação de que alguém pode
oferecer drogas para elas", diz.
O lado bom
Mas o centro não tem só problemas.
É o que indica a porcentagem de moradores que afirmam ter mais orgulho
do que vergonha de morar nessa área:
80%, índice mais alto que a média da
cidade, que é de 78%.
O distrito da Liberdade, por exemplo, foi eleito por 11% dos entrevistados como o local mais tranqüilo, e por 12%, o mais bonito. E dos 39 teatros de
São Paulo, 14 ficam no centro 1: sete na
Bela Vista, quatro na Consolação e os
outros nos demais distritos.
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