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Diversidade cultural é principal característica
A área em torno da qual São Paulo surgiu há 450
anos -no Pátio do Colégio- ostenta hoje um
painel étnico rico e diversificado. Mas também
exibe problemas comuns a diversas outras regiões da cidade, como o desemprego, a deterioração urbana e a falta de opções de lazer
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A região central de São Paulo representa como nenhuma outra a face
mais conhecida da cidade: lugar de
muitos rostos e culturas. O que se vê
no local é uma miscelânea de nascidos
na capital, migrantes e imigrantes. Segundo a pesquisa do Datafolha, na
área denominada centro 2 -composta pelo Bom Retiro, Brás, Cambuci,
Pari e Sé- 41% dos entrevistados vieram do Nordeste, 2% são de outros
países e 13% são filhos de estrangeiros.
O aspecto que foi apontado por nada
menos que 41% dessas pessoas como a
grande vantagem de morar em São
Paulo ajuda a entender o deslocamento, às vezes de tão longe, rumo à capital: as oportunidades de trabalho.
A baiana desempregada Marinalva
Santana, 33, veio para São Paulo aos 18
anos atraída por essa idéia.
"Naquela época, quando eu saía de
um emprego logo conseguia outro",
diz ela, que era empregada doméstica.
A vendedora de cachorro quente e
moradora da Sé Lucimara Liberato de
Oliveira, 29, é carioca e, apesar das dificuldades que enfrenta, não pretende
voltar para o Rio de Janeiro porque
considera os paulistanos mais solidários -ela é uma das 70 pessoas que recebe cesta básica da Pastoral dos Carentes, da igreja Nossa Senhora da Paz.
Na igreja são celebradas missas em
italiano, para os imigrantes, e em espanhol, para os latino-americanos.
A Casa do Migrante, por exemplo,
foi criada em 1974 para receber brasileiros vindos de fora de São Paulo. Hoje, entretanto, metade de seu atendimento é voltado aos que chegam de
países como Colômbia e Bolívia.
Educação e renda
Em relação aos estudos, diferentemente da maioria dos entrevistados,
Lucimara de Oliveira conseguiu terminar o ensino médio -60% deles
afirmam ter concluído só o nível fundamental. Já a situação financeira dela
é pior do que a da maior parte dos pesquisados -41% são da classe C e 29%
são da classe D.
A dona-de-casa Anna Rodrigues, 78,
conhecida como Nina, pertence à classe C. Ela é italiana, mas chegou ao Brasil com apenas três anos. "Vi o Brás
crescer e as casinhas serem construídas na rua onde moro. Antes, havia
apenas mato", diz.
Nina considerava o bairro bonito.
Porém, "com a sujeira e os camelôs"
de hoje em dia, diz que o local deixou
de ser atraente.
Os moradores parecem não valorizar o que há na região: segundo 50%
dos entrevistados, o lugar público
mais bonito de São Paulo é o parque
Ibirapuera. A praça da Sé e o Teatro
Municipal, que ficam no centro, foram
lembrados por apenas 2% e 1%, respectivamente.
"Levava meus filhos para passear na
praça da Sé. Eles gostavam bastante do
chafariz. Hoje, no entanto, o lugar está
feio. Precisava ser refeito", diz a aposentada Jeny de Moura, 64.
Lazer
No que se refere aos hábitos de lazer,
a pesquisa mostra que os entrevistados costumam ir a restaurantes (72%)
e viajar para outros Estados (39%) -o
fato de vários moradores terem nascido em outras regiões do país reforça
essa característica.
Jeny de Moura, por exemplo, gosta
de freqüentar os restaurantes da Liberdade, aos quais pode ir a pé.
A aposentada visita parentes no Paraná e já pensou em sair de São Paulo,
assim como 48% dos pesquisados. Essa região, entretanto, foi a que teve o
menor índice de pessoas que gostariam de se mudar. "Agora passou a
vontade de ir embora. Tenho filhos casados que moram em São Paulo e não
quero ficar longe deles."
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