São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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Diversidade cultural é principal característica

A área em torno da qual São Paulo surgiu há 450 anos -no Pátio do Colégio- ostenta hoje um painel étnico rico e diversificado. Mas também exibe problemas comuns a diversas outras regiões da cidade, como o desemprego, a deterioração urbana e a falta de opções de lazer



AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A região central de São Paulo representa como nenhuma outra a face mais conhecida da cidade: lugar de muitos rostos e culturas. O que se vê no local é uma miscelânea de nascidos na capital, migrantes e imigrantes. Segundo a pesquisa do Datafolha, na área denominada centro 2 -composta pelo Bom Retiro, Brás, Cambuci, Pari e Sé- 41% dos entrevistados vieram do Nordeste, 2% são de outros países e 13% são filhos de estrangeiros.
O aspecto que foi apontado por nada menos que 41% dessas pessoas como a grande vantagem de morar em São Paulo ajuda a entender o deslocamento, às vezes de tão longe, rumo à capital: as oportunidades de trabalho.
A baiana desempregada Marinalva Santana, 33, veio para São Paulo aos 18 anos atraída por essa idéia.
"Naquela época, quando eu saía de um emprego logo conseguia outro", diz ela, que era empregada doméstica.
A vendedora de cachorro quente e moradora da Sé Lucimara Liberato de Oliveira, 29, é carioca e, apesar das dificuldades que enfrenta, não pretende voltar para o Rio de Janeiro porque considera os paulistanos mais solidários -ela é uma das 70 pessoas que recebe cesta básica da Pastoral dos Carentes, da igreja Nossa Senhora da Paz.
Na igreja são celebradas missas em italiano, para os imigrantes, e em espanhol, para os latino-americanos.
A Casa do Migrante, por exemplo, foi criada em 1974 para receber brasileiros vindos de fora de São Paulo. Hoje, entretanto, metade de seu atendimento é voltado aos que chegam de países como Colômbia e Bolívia.

Educação e renda
Em relação aos estudos, diferentemente da maioria dos entrevistados, Lucimara de Oliveira conseguiu terminar o ensino médio -60% deles afirmam ter concluído só o nível fundamental. Já a situação financeira dela é pior do que a da maior parte dos pesquisados -41% são da classe C e 29% são da classe D.
A dona-de-casa Anna Rodrigues, 78, conhecida como Nina, pertence à classe C. Ela é italiana, mas chegou ao Brasil com apenas três anos. "Vi o Brás crescer e as casinhas serem construídas na rua onde moro. Antes, havia apenas mato", diz.
Nina considerava o bairro bonito. Porém, "com a sujeira e os camelôs" de hoje em dia, diz que o local deixou de ser atraente.
Os moradores parecem não valorizar o que há na região: segundo 50% dos entrevistados, o lugar público mais bonito de São Paulo é o parque Ibirapuera. A praça da Sé e o Teatro Municipal, que ficam no centro, foram lembrados por apenas 2% e 1%, respectivamente.
"Levava meus filhos para passear na praça da Sé. Eles gostavam bastante do chafariz. Hoje, no entanto, o lugar está feio. Precisava ser refeito", diz a aposentada Jeny de Moura, 64.

Lazer
No que se refere aos hábitos de lazer, a pesquisa mostra que os entrevistados costumam ir a restaurantes (72%) e viajar para outros Estados (39%) -o fato de vários moradores terem nascido em outras regiões do país reforça essa característica.
Jeny de Moura, por exemplo, gosta de freqüentar os restaurantes da Liberdade, aos quais pode ir a pé.
A aposentada visita parentes no Paraná e já pensou em sair de São Paulo, assim como 48% dos pesquisados. Essa região, entretanto, foi a que teve o menor índice de pessoas que gostariam de se mudar. "Agora passou a vontade de ir embora. Tenho filhos casados que moram em São Paulo e não quero ficar longe deles."




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