São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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Comércio variado agrada os habitantes

A grande concentração de lojas, mercados e serviços diversos é apontada como a maior vantagem da região mais antiga de São Paulo. Mas, da mesma maneira que na outra área do centro da cidade, os moradores reclamam muito da sujeira e do lixo que é abandonado nas ruas



DA REPORTAGEM LOCAL

O centro é lembrado pelos paulistanos como uma região mercantil por excelência. Ali se localizam o Mercado Municipal e ruas de comércio especializado: 25 de Março, procurada por pessoas de todo o Brasil, José Paulino, onde se destacam as roupas, e São Caetano, dedicada às noivas.
Para os moradores da área denominada centro 2 -composta pelo Bom Retiro, Brás, Cambuci, Pari e Sé- a imagem do local não é diferente. Por isso, segundo 21% dos entrevistados pelo Datafolha na região, o amplo comércio é a maior vantagem da cidade.
"Aqui ficamos perto de lojas de todos os tipos. Temos também mercados, farmácias e muitos hospitais próximos", afirmou a zeladora Lucília de Jesus, 42, moradora da Sé.
Como segundo maior problema da região -depois da violência, que foi apontada por 21% dos pesquisados- os moradores citam a sujeira (14%).
A dona-de-casa Andréia Pereira, 37, por exemplo, não se conforma com o lixo jogado de maneira displicente pelos moradores perto da praça Mário Margarido, no distrito da Sé. No local podem ser vistos desde lixo doméstico até galhos secos de árvores, ao lado de uma caçamba. "A verdade é que hoje o centro é um lugar sujo. Mas já foi bem diferente", afirma.
O incômodo dos moradores com a sujeira é tanto que 16% dos entrevistados mencionam a limpeza como setor em que a prefeitura está se saindo pior.

De quem é a culpa?
Há quem defenda a administração no caso da sujeira, por considerar que a culpa não é da falta de limpeza e sim da população, que não mantém o que foi feito pelos lixeiros e varredores.
"Os garis realizam o trabalho direitinho. Mas, depois de duas horas, já existe sujeira no chão novamente, jogada principalmente pelos camelôs e passantes", afirma o empreiteiro ferroviário aposentado Protógenes Rafael Soares, 63, morador do Brás.
De acordo com 6% dos entrevistados, a prefeitura tem sido eficiente na coleta de lixo.
A prefeitura ganha elogios também de 7% dos entrevistados da região quando o tema é transporte público. A existência de estações de metrô no local e as opções de ônibus para diversas áreas são aprovadas pelos moradores.
A estação Sé de metrô, por exemplo, é a que tem a maior circulação de pessoas da cidade, em razão das baldeações. O fluxo é de aproximadamente 640 mil passageiros nos dias úteis.
Em número de entradas, em 2003, a Sé ficou em quarto lugar (70,8 mil). E a estação Brás é a segunda (99 mil), atrás apenas da Barra Funda (148 mil).
Para o proprietário de estacionamento no Pari Hildebrando Alves Carreto, 57, o transporte público funciona no bairro. "Muitos ônibus passam na região e ficamos perto das estações de metrô Armênia e Bresser."
Já no que se refere ao lazer, ele afirma que não há nada gratuito ou que seja oferecido pela prefeitura. "Eu freqüento o clube da Portuguesa diariamente, onde jogo baralho e bocha. Mas a região é carente nesse setor, só existem opções pagas."
Embora faça críticas à falta de lazer, ele considera positivo não haver "vida noturna" no bairro. "Não há poluição sonora, como na Vila Madalena."

Alagamentos
Em relação às enchentes, Carreto afirma que a situação melhorou. "As obras de aprofundamento da calha do Tietê têm ajudado. Sofríamos com as enchentes e o problema foi praticamente resolvido", diz. As ruas, no entanto, às vezes inundam em razão do entupimento de bueiros.
"Já trocamos o guarda-roupa e a cama que ficaram encharcados numa enchente", diz a zeladora Lucília. O problema foi lembrado por 3% dos pesquisados da região.
A questão que mais preocupa os moradores do local, como em todas as áreas de São Paulo, é a criminalidade. A porcentagem dos entrevistados que reclamam da violência na região (21%) foi menor, porém, do que a média registrada em toda a cidade (31%).
"A área em que moro é mais tranqüila", diz Carreto. O 12º DP (Pari) está localizado próximo a seu prédio.
Apesar da menor preocupação com a falta de segurança, 48% afirmam que se mudariam de São Paulo caso tivessem condições. "Eu me mudei para Atibaia, onde tenho um sítio. Fiquei seis meses lá e decidi voltar para o Brás porque vinha todos os dias a São Paulo", diz Soares. Ele se enquadra no grupo dos 54% que está muito satisfeito em morar na cidade.


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