São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRESIDÊNCIA / AVALIAÇÃO DO 1º TURNO

Segundo turno abala política "café-com-leite" tucana

Alckmin deve se voltar a Serra, fortalecendo grupo paulista e distanciando do PSDB ala mineira, comandada por Aécio

Tucanos defendem que Serra deve acompanhar Alckmin em viagens; meta é alcançar 15 milhões de votos no Estado de SP


DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO

A chegada de Geraldo Alckmin ao segundo turno, puxada pelos votos de São Paulo, muda os rumos da disputa interna pelo controle do PSDB que se avizinhava e distancia ainda mais a ala mineira do partido, comandada pelo governador Aécio Neves, do grupo paulista, que a partir de agora tem em José Serra (SP) seu principal expoente.
Com expressiva votação no Estado que governou por cinco anos -mais de 11,5 milhões de votos-, Alckmin deverá tentar uma aproximação com Serra, que poderia ser decisivo para uma virada sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno.
Integrantes do comando da campanha defendem a tese de que uma das principais metas é conseguir ampliar sua margem no Estado para 15 milhões de votos.
O pano de fundo dessa aproximação de Alckmin a Serra, que há tempos têm interesses conflitantes no partido, seria o fortalecimento do PSDB paulista em confronto com a ala mineira, capitaneada por Aécio. Tanto Serra quanto Aécio aspiram uma candidatura à Presidência em 2010.
Ontem, enquanto festejavam a "conquista" do segundo turno, integrantes do comando da campanha defendiam que Serra participasse das principais viagens de Alckmin até o dia 29 de outubro, não se limitando a agenda no Estado.
Já no início da madrugada, Alckmin posou abraçado com Serra na festa organizada para celebrar a vitória do ex-prefeito ao Palácio dos Bandeirantes. "Parabéns governador, uma votação histórica", disse Alckmin.
"Trabalhei como louco para ele", disse Serra, que prometeu gravar novas inserções pedindo votos a Alckmin.
Segundo Sidney Beraldo, presidente do PSDB paulista, Alckmin e Serra conversariam ainda na madrugada de hoje sobre estratégias do segundo turno da eleição presidencial. Um dos pontos acertados com antecedência será o "empréstimo" de integrantes da equipe de Serra para a reta final da campanha de Alckmin.
Segundo tucanos paulistas, o elo para aproximá-los seriam o jornalista Luiz Gonzalez, responsável pela comunicação da campanha à Presidência, e José Henrique Reis Lobo, coordenador da chamada campanha conjunta em São Paulo.
Outro ponto seria o dossiê negociado com petistas com imagens supostamente envolvendo os tucanos com a máfia das ambulâncias. Tanto Alckmin quanto Serra foram incisivos para defender um ao outro no caso.
Na outra ponta, a cúpula tucana também estudava uma forma de forçar Aécio a "entrar na campanha" sem que isso provocasse mais desgaste. O coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PE), e o presidente do partido, Tasso Jereissati (CE), serão os responsáveis por costurar um cenário favorável em Minas.
Reservadamente, ao ser informado dos números de Minas, Alckmin queixou-se ontem do empenho de Aécio. Disse que com um pouco mais de mobilização, "não teria sido tão sofrido". Reclamou que chegou a viajar mais de uma vez por semana a Minas, e em muitas delas o governador não o acompanhou.
As críticas de falta de engajamento de Aécio pontuaram os primeiros meses da campanha de Alckmin. Em julho, quando as queixas se intensificaram, o governador mineiro chegou a fazer um pronunciamento manifestando seu apoio durante evento em Belo Horizonte. Na capital mineira, Alckmin faz questão de chamá-lo de "grande irmão". (JAB, CS E SN)


Texto Anterior: Tasso diz que país abriu olhos para corrupção
Próximo Texto: "Vamos ampliar apoios", afirma Alckmin
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.