São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Presidente do TSE se diz "decepcionado" e "frustrado" com eleição de sanguessugas

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Marco Aurélio de Mello, disse ontem que os dois candidatos à Presidência devem fazer campanhas transparentes e defendeu sobretudo a participação em debates.
"Que os candidatos sufragados pelo eleitorado revelem os seus perfis com a maior publicidade e a maior transparência. Para tanto, teremos debates."
Referindo-se aos "sanguessugas", o ministro disse que os políticos que se elegeram, mas que são envolvidos em escândalos, poderão responder a processos criminais e perderão o mandato se condenados em sentença definitiva.
"Como presidente do TSE, tenho de reconhecer o resultado das urnas. Como cidadão, eu me sinto um tanto frustrado, decepcionado", reconheceu.
Indagado sobre a eleição de Paulo Maluf para deputado e Fernando Collor, de quem é primo, para senador, o ministro afirmou que a vontade dos eleitores deve ser respeitada.
"Tivemos a manifestação dos eleitores. No Estado democrático de Direito, essa manifestação deve ter a maior eficácia possível", afirmou.
Marco Aurélio defendeu a reforma política, particularmente o financiamento público das campanhas, mas destacou que ela dependerá de aprovação do Congresso.
"Se não imaginamos na vida econômica altruísmo, podemos perceber que o financiamento de uma certa campanha política por particular visa resultado. Aí é triste imaginar o resultado a partir do mandato exercido, numa quase traição à confiança depositada pelos eleitores."
O ministro disse que o resultado das eleições deve ser proclamado hoje e que o horário eleitoral gratuito do segundo turno no rádio e na TV recomeça na quarta-feira, 48 horas após a primeira votação.

Números da votação
Até a meia-noite, a Justiça Eleitoral tinha apurado 99,2% dos 125,913 milhões de votos, superando a expectativa do TSE de ter totalizado 90% naquele horário. O percentual de votos nulos da eleição presidencial (5,69%) era menor que os registrados em 2002 (6,05%) e 1998 (8,37%).
Dos 124,815 milhões de votos contabilizados até a meia-noite, 20,912 milhões (16,75%) eram de abstenção. Dentre os votos efetivos, 5,911 milhões eram nulos (5,69%) e 2,841 milhões em branco (2,73%).
Na urna eletrônica, o voto nulo pode ser tanto de protesto quanto por erro de digitação. Para anular o voto, o eleitor precisa digitar um número inexistente e acionar a tecla "confirma". O Nordeste manteve a tradição de índices de abstenção e votos nulos acima da média nacional. Nessa região, 18,44% dos eleitores não compareceram à sua seção e 7,82% anularam o voto.
O primeiro Estado a concluir a apuração foi Mato Grosso do Sul, às 20h38, seguido de Espírito Santo, Santa Catarina, Sergipe, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, todos antes de meia-noite.
Marco Aurélio informou ontem também que, das 361.431 urnas eletrônicas instaladas, 3.284 (0,91%) tiveram de ser trocadas. Em 93 seções eleitorais (0,026%), essa substituição não foi possível, obrigando os eleitores a usar cédula de papel para votar, segundo boletim das 18h30.
De acordo com o tribunal, os números são menores que a expectativa de falha, calculada em 1% dos equipamentos. Os números também são inferiores aos verificados em 2002, quando 5.719 (1,41%) urnas foram substituídas por outras e os eleitores de 652 seções (0,2%) votaram com cédula de papel.
O TSE também informou que ao menos 550 pessoas foram presas durante a votação do primeiro turno, acusadas principalmente de boca-de-urna. Só a Polícia Federal prendeu 130 pessoas no país. Os números do tribunal envolvem também prisões das polícias civil e militar. Mais da metade das prisões foi no Espírito Santo (304 casos). Marco Aurélio disse que a quantidade de incidentes foi inferior à verificada nas últimas eleições gerais.


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