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Presidente do TSE se diz "decepcionado" e "frustrado" com eleição de sanguessugas
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Marco Aurélio de Mello,
disse ontem que os dois candidatos à Presidência devem fazer campanhas transparentes e
defendeu sobretudo a participação em debates.
"Que os candidatos sufragados pelo eleitorado revelem os
seus perfis com a maior publicidade e a maior transparência.
Para tanto, teremos debates."
Referindo-se aos "sanguessugas", o ministro disse que os
políticos que se elegeram, mas
que são envolvidos em escândalos, poderão responder a
processos criminais e perderão
o mandato se condenados em
sentença definitiva.
"Como presidente do TSE,
tenho de reconhecer o resultado das urnas. Como cidadão, eu
me sinto um tanto frustrado,
decepcionado", reconheceu.
Indagado sobre a eleição de
Paulo Maluf para deputado e
Fernando Collor, de quem é
primo, para senador, o ministro afirmou que a vontade dos
eleitores deve ser respeitada.
"Tivemos a manifestação dos
eleitores. No Estado democrático de Direito, essa manifestação deve ter a maior eficácia
possível", afirmou.
Marco Aurélio defendeu a reforma política, particularmente o financiamento público das
campanhas, mas destacou que
ela dependerá de aprovação do
Congresso.
"Se não imaginamos na vida
econômica altruísmo, podemos perceber que o financiamento de uma certa campanha
política por particular visa resultado. Aí é triste imaginar o
resultado a partir do mandato
exercido, numa quase traição à
confiança depositada pelos
eleitores."
O ministro disse que o resultado das eleições deve ser proclamado hoje e que o horário
eleitoral gratuito do segundo
turno no rádio e na TV recomeça na quarta-feira, 48 horas
após a primeira votação.
Números da votação
Até a meia-noite, a Justiça
Eleitoral tinha apurado 99,2%
dos 125,913 milhões de votos,
superando a expectativa do
TSE de ter totalizado 90% naquele horário. O percentual de
votos nulos da eleição presidencial (5,69%) era menor que
os registrados em 2002
(6,05%) e 1998 (8,37%).
Dos 124,815 milhões de votos
contabilizados até a meia-noite, 20,912 milhões (16,75%)
eram de abstenção. Dentre os
votos efetivos, 5,911 milhões
eram nulos (5,69%) e 2,841 milhões em branco (2,73%).
Na urna eletrônica, o voto
nulo pode ser tanto de protesto
quanto por erro de digitação.
Para anular o voto, o eleitor
precisa digitar um número inexistente e acionar a tecla "confirma". O Nordeste manteve a
tradição de índices de abstenção e votos nulos acima da média nacional. Nessa região,
18,44% dos eleitores não compareceram à sua seção e 7,82%
anularam o voto.
O primeiro Estado a concluir
a apuração foi Mato Grosso do
Sul, às 20h38, seguido de Espírito Santo, Santa Catarina, Sergipe, Rondônia, Goiás, Distrito
Federal, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Norte, todos antes
de meia-noite.
Marco Aurélio informou ontem também que, das 361.431
urnas eletrônicas instaladas,
3.284 (0,91%) tiveram de ser
trocadas. Em 93 seções eleitorais (0,026%), essa substituição
não foi possível, obrigando os
eleitores a usar cédula de papel
para votar, segundo boletim
das 18h30.
De acordo com o tribunal, os
números são menores que a expectativa de falha, calculada em
1% dos equipamentos. Os números também são inferiores
aos verificados em 2002, quando 5.719 (1,41%) urnas foram
substituídas por outras e os
eleitores de 652 seções (0,2%)
votaram com cédula de papel.
O TSE também informou
que ao menos 550 pessoas foram presas durante a votação
do primeiro turno, acusadas
principalmente de boca-de-urna. Só a Polícia Federal prendeu 130 pessoas no país. Os números do tribunal envolvem
também prisões das polícias civil e militar. Mais da metade
das prisões foi no Espírito Santo (304 casos). Marco Aurélio
disse que a quantidade de incidentes foi inferior à verificada
nas últimas eleições gerais.
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