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ESTADOS/SÃO PAULO
Mercadante culpa dossiê por sua derrota
Candidato parabeniza Serra pela vitória e diz que o envolvimento de petistas no escândalo prejudicou sua campanha
O senador é hostilizado quando chega para votar por um grupo de eleitores que grita: "tira o dinheiro da cueca" e "mensaleiro
ROGÉRIO PAGNAN
MATHEUS PICHONELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda faltavam mais de 40%
dos votos para serem apurados,
às 21h55 de ontem, quando o
candidato petista ao governo de
São Paulo, Aloizio Mercadante,
reconheceu a vitória do tucano
José Serra e culpou a crise provocada pelo escândalo do dossiê pela sua derrota nas urnas.
"A campanha não evoluiu como eu tinha imaginado. O envolvimento de alguns petistas
nesse lamentável episódio do
dossiê prejudicou de forma decisiva a campanha. Seguramente, se não tivesse ocorrido esse
episódio, eu estaria aqui me
preparando para o segundo
turno", afirmou o petista que
naquele momento tinha 3,9 milhões de votos, ou 31% dos votos válidos -percentual semelhante ao divulgado à 0h
(31,7%), quando Serra já aparecia com 12,4 milhões de votos
(ou 57,9% dos votos apurados).
"Ainda que a apuração não
tenha encerrado, acho que não
há elementos que possam reverter o resultado das eleições.
Portanto eu cumprimento publicamente o novo governador,
que foi eleito democraticamente pelo povo do nosso Estado",
disse o petista que, visivelmente abatido, não quis responder a
perguntas dos jornalistas nem
comentar os números da disputa presidencial.
Apesar de parabenizar o vencedor, o senador disse que terá
"um olhar muito atento" para
fiscalizar o cumprimento das
promessas feitas por Serra durante a campanha. Ele citou os
dois professores na sala de aula,
a ampliação do metrô, renovação dos trens da CPTM, a duplicação da rodovia dos Tamoios,
acabar com as filas na saúde e, o
que chamou de maior desafio,
de "ser o comandante" da política de segurança pública. "São
Paulo não pode continuar como está", afirmou.
Ao lado da candidata a vice,
Nádia Campeão (PC do B), e do
presidente do PT estadual,
Paulo Frateschi, Mercadante
fez agradecimentos aos militantes, à família, à ex-prefeita
Marta Suplicy, ao senador
Eduardo Suplicy, ao presidente
Lula e "ao povo de São Paulo"
pela "expressiva votação".
"É um voto que nos enche de
energia e vontade de continuar
defendendo este Estado, este
povo", disse. "A gente aprende
não só com as vitórias mas também com as derrotas e tenho
certeza de que esse capítulo da
história brasileira também vai
pesar uma série de aprendizados a todas as instituições democráticas do Brasil."
Hostilidade
À tarde, quando chegou para
votar no colégio Santa Clara, na
Vila Madalena (zona oeste de
São Paulo), Mercadante se deparou com com um grupo de
manifestantes que distribuía
nariz de palhaço e passou a hostilizar o candidato com palavras como "mensaleiro" e "dinheiro na cueca". "Tira o dinheiro da cueca", gritava o fotógrafo Dedê Febrizzi, 45, um dos
manifestantes.
O candidato estava acompanhado da mulher Regina, dos
filhos Pedro e Mariana, além da
sua candidata a vice Nádia
Campeão (PC do B) e do senador Eduardo Suplicy.
Petistas e manifestantes chegaram a trocar empurrões e
ofensas, mas não houve agressão. Pela manhã, Mercadante
esteve com Lula, no local de votação do presidente em São
Bernardo do Campo (SP). Sempre em desvantagem nas pesquisas eleitorais durante toda a
campanha, o senador viu suas
chances de chegar ao segundo
turno implodirem após o envolvimento de seu coordenador de campanha, Hamilton
Lacerda, na compra do dossiê
contra seu adversário José Serra. Mercadante sempre negou
envolvimento no episódio.
Segundo petistas, o senador
permaneceu na disputa mais
para tentar minimizar o estrago em sua imagem pública do
que tentar chegar ao segundo
turno. Seu papel também era
trabalhar numa vitória de Lula
no primeiro turno, defendendo
o presidente de participação na
compra do dossiê.
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