São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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PORTO ALEGRE

Bipolarização entre petistas e antipetistas deve ir para segundo turno

PT busca ciclo de 20 anos na capital gaúcha

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Porto Alegre começa a decidir hoje se o PT completará 20 anos à frente da prefeitura da capital gaúcha, em uma espécie de plebiscito. A cidade, que os petistas administram há 16 anos seguidos, já foi definida pelo jornal francês ""Le Monde" como ""a Meca da esquerda latino-americana".
É praticamente certo, porém, que a bipolarização de forças dos petistas contra os antipetistas leve as eleições para um segundo turno, entre o ex-prefeito Raul Pont (1997-2000), do PT, e o ex-senador José Fogaça (PPS).
Os debates e programas eleitorais terminaram com duas características marcantes: ausência de grandes polêmicas e campanhas propositivas, especialmente em relação às áreas da educação (críticas ao programa de ciclos), segurança (aumento do policiamento) e saúde (mais postos).
O motivo: as oposições procuram dizer que vão melhorar ainda mais o que já vai bem. Trata-se de estratégia. Há dois anos, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o governador gaúcho, Germano Rigotto (PMDB), elegeram-se evitando o confronto. É a tática ""paz e amor".
As pesquisas mais recentes mostravam a consolidação desse quadro, no qual Fogaça aglutinará todos os demais candidatos no segundo turno, menos Beto Albuquerque (PSB), contra Pont.
Contra o PT, contam alguns fatores como o desgaste gerado por ser governo (a administração municipal, o Estado na gestão anterior e a própria Presidência da República) e a falta de margem para coligações.
A favor, há a divisão das oposições no primeiro turno, o crescimento econômico, acertos na prefeitura e um cenário político interno no partido que há muito não se via: não houve prévia para definição do candidato a prefeito de Porto Alegre.
A alternativa da oposição ao PT é dizer que o que está sendo feito pode ser aprimorado. As críticas estão contidas, e são feitos elogios à prefeitura, normalmente com a ressalva de que o que é bom pode ficar ainda melhor.
"Estamos nos apresentando com a visão de quem quer mudar o que é preciso mudar", repetiu Fogaça, no último debate exibido na televisão.
No caso do orçamento participativo (uma das principais vitrines petistas), por exemplo, os oposicionistas falam em mantê-lo, mas, de alguma forma, ampliá-lo. Torná-lo mais democrático.
Pont, por sua vez, faz o óbvio: "Prestamos contas do que fizemos em Porto Alegre nesses 16 anos", afirma.


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