São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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Chip em brinco armazena o "currículo" dos animais, do nascimento ao abate

Sistema informatizado garante maior controle da cadeia produtiva da carne

DO ENVIADO A PONTES GESTAL (SP)

Um bezerro desgarrado do rebanho surge entre a reserva ambiental e a imensidão do pasto no coração da fazenda Guariroba, colada à pequenina cidade de Pontes Gestal (SP). Pelo número que traz em um brinco pendurado na orelha esquerda, é possível levantar no computador, através do código de barras, todo o seu histórico: idade, raça, origem, lote e vacinações.
Esse conjunto de informações acompanha 30 mil bezerros da CFM Agro-Pecuária, espalhados por dez fazendas, desde o nascimento até o sétimo mês, quando o animal é vendido para a engorda, e segue até o abate, com 24 meses. Caso esse procedimento não seja quebrado, os animais terão o certificado de procedência, como prevê o programa de rastreabilidade, exigência da União Européia para a carne brasileira exportada a partir de julho.
O objetivo é monitorar a carne em toda sua cadeia produtiva, desde a fazenda até a mesa do consumidor. O governo fixou 2007 como prazo para que todo o rebanho nacional -estimado este ano em 166,8 milhões de cabeças- esteja rastreado.
O "currículo" dos animais da CFM são enviados para o banco de dados do Sirb (Sistema Integrado de Rastreabilidade Bovina), do grupo Planejar. Hoje, 435 propriedades, com 182 mil animais, adotam esse modelo.
O pecuarista paga R$ 75 de inscrição, R$ 60 de anuidade e R$ 1 pela rastreabilidade, além dos R$ 3 por cada brinco.
O zootecnista Fábio Guerra Martins Nunes Dias, 37, coordenador de pecuária da CFM, conta que o preço por cabeça é menor que 1% do custo do animal, mas nem por isso tem vendido os bezerros por preços melhores. "Os pecuaristas ainda não perceberam suas vantagens, como a segurança sanitária, o controle maior de fraudes e procedimentos ilícitos, além do acesso ao mercado internacional." Para ilustrar isso, o zootecnista exemplifica: "Em breve, se for encontrado algum hormônio proibido em uma determinada carne, com o programa de rastreabilidade será possível detectar a origem".
Até o final do ano, a CFM deve trocar o sistema de brinco pelo chip de computador, usado na orelha, no rúmen (órgão do sistema digestivo do boi) ou no umbigo. Os dados são captados por uma antena fixa ou portátil, que repassa para uma caixa armazenadora ou para o computador. De lá, as informações seguem para o banco de dados, que permite conhecer toda a história do animal, desde seu nascimento até o abate.
Uma das empresas que trabalham com esse tipo de equipamento, a Texas, por exemplo, oferece o kit completo: chip, R$ 8 a unidade, um ponto de leitura (R$ 5.000) e um leitor portátil, orçado entre R$ 1.000 e R$ 5.000.
Apesar de a rastreabilidade ter sido autorizada em janeiro deste ano, o Ministério da Agricultura ainda não estabeleceu os agentes certificadores do sistema.
(ROBERTO DE OLIVEIRA)



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