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Senador assume desejo de ser candidato ao governo em 2006
Resultados mostram que PT e PSDB são os 2 eixos, diz Mercadante
KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO
O líder do governo no Senado, o
petista Aloizio Mercadante (SP),
diz que os resultados do primeiro
turno das eleições municipais deixam "claro que há dois partidos
que são os eixos dos projetos de
governo e de poder no país, o PT e
o PSDB". Para ele, o PT mantém
forte presença nas grandes cidades e se nacionaliza ainda mais.
Em entrevista à Folha, Mercadante assume o desejo de ser candidato ao governo paulista em
2006. Diz que seria "honra" integrar o ministério do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva na área
social. Acha que, mesmo com
derrota de Marta Suplicy em São
Paulo, hipótese que rejeita, Lula
sai "fortalecido" das eleições, porque houve uma federalização da
parte do PT e dos aliados.
Folha - Qual foi o recado das urnas aos políticos?
Aloizio Mercadante - Fica claro
que há dois partidos que são os eixos dos projetos de governo e de
poder no país, o PT e o PSDB. Eles
se consolidam no enfrentamento.
A democracia brasileira claramente caminha para um movimento pendular entre PT e PSDB.
O PT tem desempenho acima das
expectativas, indo ao segundo
turno em mais capitais do que esperado. Mas não podemos colocar salto alto. Temos de ter humildade para buscar as alianças necessárias no segundo turno. Já o
PSDB está perdendo capitais em
Estados que governa.
Folha - O resultado eleitoral afetará a reeleição de Lula em 2006?
Mercadante - O presidente Lula
sai fortalecido destas eleições.
Folha - Mesmo se Marta perder?
Mercadante - Independentemente do resultado numa cidade
específica, mesmo na maior cidade do Brasil. A oposição fez de tudo para não federalizar a campanha. Toda a luta do PT foi para
nacionalizar. A tese catastrofista
da oposição está sendo derrotada
pelos resultados na economia.
Folha - O sr. disputará o governo
paulista em 2006?
Mercadante - A definição passará por consultas após as eleições.
Sempre joguei no time. A reeleição do Lula passa necessariamente por esse projeto. Lula terá papel
decisivo na escolha. Tive mais de
10 milhões de votos na última eleição, mais de 3 milhões de votos
acima do governador Geraldo
Alckmin (na eleição de 2002) e
mais de 5 milhões de votos acima
do candidato José Serra (que perdeu a Presidência para Lula em
2002). É evidentemente um patrimônio do partido que deve ser
considerado.
Folha - Informações de bastidor
dão conta de que Lula o apóia.
Mercadante - Um dia não começa enquanto o outro não termina.
Folha - Se a Marta perder, ela disputaria o governo?
Mercadante - Marta vencerá.
Folha - E se ela perder?
Mercadante - Não trabalho com
essa hipótese.
Folha - Não há um pouco de chantagem no discurso da Marta que diz
vote em mim porque sou do partido de Lula e, assim, trarei mais recursos para a cidade?
Mercadante - Quem deflagrou
esse processo foi o governador
Alckmin. Ela fez um elogio a ele,
dizendo ter boa relação. Ele retribuiu induzindo os eleitores a ir
para o lado do Serra.
Folha - O PT faz o mesmo.
Mercadante - Lula diz que respeitará os resultados.
Folha - Lula disse que, se o eleitor
quisesse manter as políticas sociais, teria de votar em Marta.
Mercadante - Os tucanos começaram esse debate, colando a imagem do Serra à do Alckmin, dizendo que o governador trará benefícios ao município. O Serra colocou outdoors com o Alckmin e
nenhum com FHC. Injustiça com
FHC, que estão escondendo. Em
2002, Alckmin repassou para a
Marta R$ 11,2 milhões em verbas.
O governo federal, que era de
FHC, repassou R$ 248 milhões.
Em 2004, no governo Lula, Alckmin está repassando para a cidade
R$ 10,3 milhões. O governo federal está repassando mais de R$ 1
bilhão. A prefeitura depende decisivamente do governo federal.
Folha - A "desconstrução" de Serra, dizendo, por exemplo, que ele
não foi tão bom ministro da Saúde
como vende, vai se intensificar no
segundo turno?
Mercadante - Seguramente, temos muitos argumentos para rebater as afirmações deles. Eles não
têm como sustentar a tese de que
não houve planejamento e por isso as obras atrasaram. Mostraremos que FHC não fez repasses.
Folha - Não é contradição do PT
fechar acordo com o Maluf, um adversário histórico? As evidências
estão aí, com Maluf elogiando Marta e atacando Serra.
Mercadante - Elogios aos projetos da Marta vieram do Serra. No
início da campanha, dizia que era
contra o CEU (Centro Educacional Unificado). Depois, que não ia
expandir o CEU. Agora diz que é
todo CEU. É um candidato do
bem que quer o CEU.
Folha - Maluf só ataca Serra.
Mercadante - No debate, ele
também criticou a Marta.
Folha - Muito de leve.
Mercadante - Criticou com mais
ênfase o Serra.
Folha - Por quê?
Mercadante - Uma razão é que o
partido dele não o acompanhará
numa atitude de ataque ao governo federal e ao PT. Maluf não tem
mais a força para se impor ao PP.
Folha - E a expectativa de proteção na CPI do Banestado e nas apurações sobre dinheiro no exterior?
Mercadante - O governo não
controla isso. São assuntos do Ministério Público e da Justiça.
Folha - O sr. é cotado para ocupar
um ministério na área social na reforma que Lula pretende fazer
após as eleições. Gosta da idéia?
Mercadante - Gostaria muito.
Seria uma honra participar de um
governo do presidente Lula, no
qual acredito e defendo. Nós temos de consolidar uma maioria
no Senado para aprovar projetos.
Não sei se para o governo, seria a
melhor montagem da equipe. Jogo para o time, na posição que
precisar, e o presidente sabe disso.
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