São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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TÁTICA


Esquemas com até sete jogadores atrás o tempo todo derrubam a média de gols e levam a Fifa a mudar regras para reverter a situação; técnicos viram estrelas da equipes


A ordem agora é defender

A Copa do Mundo começou com equipes que só pensavam em atacar e terminou o século com seleções escalando até sete jogadores na defesa.
Ao mesmo tempo em que se valorizava como um grande negócio, o que dava um status mais nobre para os treinadores, que em alguns casos se tornaram estrelas com o mesmo brilho de craques de seus times, a competição passou a ver a adoção de esquemas com cada vez mais zagueiros.
Em 1986, no México, a Dinamarca deu um dos maiores passos para essa mudança em termos de seleções em Mundiais.
O alemão Sepp Piontek, que dirigia a equipe escandinava, "assombrou" o planeta a usar uma linha de três zagueiros.
A tática dinamarquesa, entretanto, tinha a vantagem de liberar os dois alas para o ataque, mas logo no primeiro jogo mata-mata que fez, contra a Espanha, nas oitavas-de-final, o esquema mostrou suas deficiências defensivas.
Dessa forma, uma idéia inicialmente ofensiva foi "aperfeiçoada" com o uso de dois volantes na ajuda aos três zagueiros, o que muitas vezes deixava equipes atuando em um 5-3-2.
Foi assim, por exemplo, que a seleção brasileira disputou a Copa de 1990. Com Mauro Galvão de líbero e Dunga e Alemão como volantes, o time treinado por Sebastião Lazaroni fez péssima campanha, sendo eliminado nas oitavas-de-final pela Argentina.
Esse Mundial, além da proliferação dos esquemas com três zagueiros, reuniu uma penca de equipes atuando no 4-4-2, com um meio-campo de jogadores, na maioria dos casos, de características defensivas.
Com tanto "medo", a Copa de 1990 teve a menor média de gols da história _2,21 por confronto.
Alarmada com a falta de gols e emoções, a Fifa resolveu agir.
Para o Mundial dos EUA, em 1994, alterou a tradicional forma de bonificar uma vitória.
No lugar de dois pontos por triunfo, passou a ser creditado para uma equipe vencedora três pontos.
A mudança deu resultados tímidos na Copa dos EUA, em que o 3-5-2 e o conservador 4-4-2 novamente foram dominantes.
Já em 1998, na França, impulsionadas pelo que acontecia no futebol de clubes, as seleções passaram a atacar mais.
Os donos da casa, que ficaram com o título, jogaram com uma linha de quatro zagueiros, mas também com volantes e meias que defendiam e atacavam com a mesma eficiência. O Brasil também fez uma pequena inovação com Zagallo, que criou o 4-3-1-2, transformando praticamente um meia em um atacante.



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