Marlene Bergamo/Folhapress

O artista Peri Pane e sua capa de lixo

MANUELA MINNS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

São Paulo fecha hoje às 20h a primeira Virada Sustentável, evento com mais de 300 atividades, em 60 pontos da capital, que exploram o conceito "sustentável" sem usar discursos linha-dura.
A programação, que começou ontem às 8h, reuniu de performances e exposições de arte até sessões de meditação e palestras sobre alimentação vegetariana.
Parques, museus e centros culturais da cidade embarcaram na virada.
Não ficaram de fora do circuito locais longe do centro, como os parques Santo Dias, no Capão Redondo (zona sul), e da Juventude, na Vila Maria (zona norte).
Para a sustentabilidade ambiental, cabem muitas definições. O professor José Eli da Veiga, economista da USP, diz que ela é um nova forma de valor social, assim como a justiça.
"A principal característica da sustentabilidade é de as pessoas quererem viver bem e de forma mais organizada."

VESTINDO LIXO
Sete voluntários juntaram por uma semana todo o lixo seco produzido por eles. O material foi armazenado em capas plásticas transparentes com bolsos gigantes, o Parangolixoluxo.
O trabalho, que faz referência à obra Parangolé,, do artista Hélio Oiticica, será apresentado no final da tarde de hoje, no parque da Água Branca (zona oeste). O objetivo dessa experiência é chamar atenção para os resíduos nos centros urbanos e os impactos climáticos do consumo, em um projeto chamado Homem Refluxo.
"Fomos educados a pensar que o lixo é algo que se joga fora e fica esquecido. A ação Refluxo estimula a reflexão sobre como diminuir esse resíduo e como encaminhá-lo", diz Peri Pane, artista multimídia e coordenador do Homem Refluxo.
Para ele, o tema pode significar fazer pequenas mudanças na hora da compras ou substituir as sacolas plásticas pelas de pano.
A primeira performance foi em 2003 e até hoje Peri Pane guarda sua vestimenta. "O material ainda está conservado, com certeza essa capa vai sobreviver a mim", diz o artista.


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