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SÃO PAULO
Prefeita afirma que também fez obras nas regiões mais ricas
Marta elogia Maluf e vai atrás dos 'abastados'
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após o primeiro turno,
que lhe conferiu 35,82% dos votos, a prefeita Marta Suplicy (PT),
candidata à reeleição, disse ontem
que pretende buscar o voto "da
população mais abastada" da cidade, elogiou o ex-prefeito Paulo
Maluf (PP) e confirmou que irá se
licenciar do cargo de prefeita "por
14 dias", como adiantou a Folha.
A petista obteve ontem seu primeiro apoio oficial. Trata-se de
Francisco Rossi (PHS). Ele ficou
em sexto lugar, com 77.957 votos
-1,26% dos votos válidos.
Rossi compareceu ontem à noite a um evento do PT e partidos
coligados para "incentivar a militância". "A cidade está bem administrada", elogiou. "Eu tenho
compromisso com a verdade e
vim lhe apoiar incondicionalmente", disse Rossi a Marta.
"A grande verdade é que ninguém lhe ataca do ponto de vista
de probidade administrativa. A
cidade mudou, está bem administrada, e eu quero que você continue prefeita", disse o ex-prefeito
de Osasco, que chegou em quarto
lugar na campanha para governador em 1998 e apoiou a Maluf,
contrariando orientação do PDT,
partido do qual foi expulso.
"Gostaria que as pessoas das regiões mais abastadas percebessem que tudo o que foi feito nesta
cidade o foi com um olhar para os
mais carentes, mas que beneficia
também os que têm mais", disse.
A declaração de Marta decorre
do mapa de votação, que demonstra que o candidato José
Serra (PSDB) teve seu melhor desempenho nas regiões mais ricas.
Já Marta obteve mais votos nos
bairros mais carentes. "A população mais abastada não ficou
abandonada. Os túneis foram feitos, o centro está bonito e recuperado. Vou ter de contar também
com a generosidade dos que têm
mais, pois vi que os bairros muito
abastados não privilegiaram esta
candidatura [a dela]," declarou.
"Eu acredito no ser humano e
acho que essas pessoas que não
utilizam o CEU, os uniformes e o
bilhete único sabem o que isso
significa para as pessoas que trabalham para elas e que têm menos." A prefeita afirmou que neste
segundo turno irá buscar os votos
dos eleitores de Maluf, de Luiza
Erundina (PSB), da doutora Havanir (Prona), entre outros. Marta
elogiou o ex-prefeito ao lembrar
que em um ato na zona leste seu
filho Supla surpreendeu-se com a
quantidade de pessoas que declaravam votos em Maluf. "Eu falei:
"Tem, meu filho, porque ele fez
coisa aqui; nós estamos em uma
avenida que foi ele quem fez"."
Marta disse que pretende licenciar-se do cargo por 14 dias para
dedicar-se mais à campanha. Ela
ainda não definiu a data do afastamento, mas será depois do dia 9,
uma vez que o município vai abrigar, de amanhã a sexta-feira, um
encontro internacional de cidades. O licenciamento por esse período deve-se ao fato de que, se
fosse de 15 dias ou mais, ela teria
de pedir autorização à Câmara.
Questionada sobre a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua campanha, no
segundo turno, a prefeita disse
que "o presidente é uma pessoa
que, dentro da lei, dentro do que
for possível, vai ser disputado
também. Acho que ele tem de estar presente em tudo e também
tem de governar. Mas ele virá".
A próxima visita de Lula a São
Paulo será para a inauguração do
museu afro-brasileiro, dia 23. "Infelizmente, ele virá para uma
inauguração e eu não vou poder
estar junto", lastimou. A última
inauguração da qual o presidente
participou em São Paulo foi do
prolongamento da Radial Leste.
"Ele vai se engajar à medida que
for importante, que ele achar conveniente, que nós pedirmos."
Antecipando qual deve ser o
tom de sua campanha, a prefeita
disse que é preciso comparar o
que o governo do Estado, administrado pelo PSDB, fez na cidade
com o que a prefeitura do PT fez.
"Temos de comparar o que o governo do Estado fez pelo pobre.
Eles estão há 12 anos no poder e
não conseguiram fazer o bilhete
único no metrô e no trem. Vai ver
os hospitais estaduais em que
condições se encontram. Que salto na saúde o Estado vai fazer?"
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