|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMPACTO NA CARREIRA
Na volta, promoção pode dar lugar a frustração
Empresa nem sempre aproveita ganho de experiência
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Antes de partir, o executivo
embala grandes expectativas
sobre o efeito da expatriação
em sua carreira. A volta, porém,
causa uma certa apreensão sobre seu futuro na organização.
Para Francisco Ramirez, da
consultoria Fesa, a expatriação
significa crescimento e promoção na maioria das vezes. "Trabalhar em outro país quase
sempre implica um trabalho
mais complexo. Ao retornar, é
provável que o profissional
conquiste posição mais alta."
"Um percentual menor acaba fazendo carreira internacional e sendo transferido para
outros países", completa Ivan
Marc Ferber, consultor associado da consultoria Mercer.
Ele afirma que expatriados
-principalmente aqueles
enviados para desenvolver
a carreira- em geral são promovidos quando voltam.
Mas a aterrissagem em solo
brasileiro pode reservar surpresas. Em alguns casos, o executivo alcança um patamar tão
alto por causa de sua função como expatriado que não encontra mais lugar à sua altura na
empresa ao retornar. "A solução, então, é ir para outra companhia", opina Ramirez.
É por essas e outras que a repatriação merece atenção especial. "Na volta, nem sempre os
planos da pessoa batem com a
oportunidade", avalia Luiz Carlos Cabrera, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação
Getulio Vargas e sócio-diretor
da consultoria PMC & A.
A possibilidade de a empresa
encolher, ser vendida ou fundir-se com outra também
ameaça a recepção. "A previsibilidade dos negócios diminuiu", pondera Cabrera.
Segundo Ferber, as empresas
reportam que perdem de 10% a
30% de seus repatriados em até
um ano após seu retorno do exterior. "É um número alarmante", constata.
Insatisfação no retorno
Um levantamento feito apenas com empresas brasileiras
pela professora Betania Tanure, da Fundação Dom Cabral,
mostra que, após a repatriação,
87% dos profissionais não são
promovidos e 80% deles sentem que sua experiência não é
considerada pela companhia.
"A grande maioria quer
se desenvolver, e a empresa
não informa ao executivo que
não tem esse objetivo [para
ele]", pontua Tanure.
Segundo o estudo, a evasão é
grande: 20% saem da empresa
no primeiro ano após a volta, e
40%, no segundo. "A empresa
perde o investimento feito."
Para garantir um bom retorno, profissional e empresa devem fazer sua parte. O executivo precisa ter uma visão do mapa político da organização.
A outra face da incumbência
é da empresa. "O executivo volta com uma visão de mercado
global e, se não é absorvido adequadamente, fica desmotivado", aponta Irene Miura, professora da FEA (Faculdade
de Economia, Administração e
Contabilidade) da USP em
Ribeirão Preto (SP).
Texto Anterior: No mundo Próximo Texto: O repatriado Índice
|