Luiz Carlos Murauskas-5.dez.2000/Folha Imagem

DA REDAÇÃO

O governador Mário Covas, 70, morreu às 5h30 de hoje no Instituto do Coração, em São Paulo, de falência múltipla dos órgãos. Vítima de câncer detectado há dois anos, estava internado desde o dia 25, com infecção generalizada. O enterro será no Cemitério do Paquetá, em Santos, amanhã. O velório será no Palácio dos Bandeirantes, a partir das 12h de hoje.
Iniciado na política pelo presidente Jânio Quadros (1917-92), em 40 anos de vida pública Covas só não alcançou a Presidência da República -seu maior sonho. Em 1989, foi apenas o quarto mais votado no primeiro turno.
Em uma das mais importantes passagens de sua carreira, Covas liderava, em 12 de dezembro de 1968, o MDB (oposição) na sessão histórica da Câmara que negou ao regime militar a possibilidade de processar o então deputado Márcio Moreira Alves, que fizera um discurso considerado ofensivo pelas Forças Armadas.
O Ato Institucional nº 5, decretado no dia seguinte, levou à cassação de direitos políticos de várias pessoas, Covas incluído. O retorno dele à política só veio com a redemocratização: em 1983, foi nomeado prefeito de São Paulo.
Em 1986, chegou ao Senado. Dois anos depois, ajudou a fundar o PSDB, do qual tornou-se um dos principais líderes. Em 1994, enquanto Fernando Henrique Cardoso disputava e vencia a sucessão presidencial, Covas elegia-se governador de São Paulo. Em 1998, foi reeleito.
A gestão Covas foi marcada pelo saneamento financeiro e por crises na segurança, herança que fica para o sucessor, Geraldo Alckmin. De temperamento explosivo, Covas chegou a ser agredido em público. Debilitado pela doença, recebeu insistentes gestos de apreço.



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