São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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GESTÃO DE MARCA

Para evitar envolvimento em denúncias, empresas devem divulgar erros e ajustes

Transparência é pré-requisito para prestar serviços

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Trabalho de prevenção. Esse é o conselho de Charles Magno Medeiros, diretor da Lide Soluções Integradas em Comunicação, para evitar que possíveis problemas políticos maculem a imagem da empresa que costuma vender para o poder público.
"Se a relação com o governo não for ética e transparente, a companhia terá problemas de imagem", diz. Caso seja citada em algum escândalo, a corporação deve tomar providências imediatas de esclarecimento. "Em toda crise, as primeiras 48 horas são as mais importantes", diz. "Se esse tempo for perdido, surgem as incertezas."
Para Antonio Cosenza, professor de marketing da BBS (Brazilian Business School) e consultor de empresas privadas, a participação em licitações já garante uma boa figura à corporação do ponto de vista legal. "É preciso estar em dia com as obrigações para poder participar do processo."
Do ponto de vista ético, no entanto, isso não é garantia de nada, afirma ele. "Depende também da atitude pública dos executivos", diz. Outra boa forma de manter "o brilho" é entregar ao cliente a mercadoria ou o serviço prometidos e atender às suas expectativas, já que nem só de maracutaias políticas se faz uma crise. "Nada de se acomodar no limite mínimo de qualidade", arremata.
Segundo Roberto Baungartner, diretor de relações internacionais da Ticket, do Grupo Accor, essa visão faz parte do "DNA" da empresa. "Preocupamo-nos muito com nossa legitimidade social."
O ticket, diz ele, é um instrumento de distribuição de renda. "Nesse contexto, temos uma responsabilidade social", afirma. Para externar esse pensamento, a tática da companhia é participar de seminários governamentais. "Vamos a público debater nossas idéias com transparência", diz.
Foi com essa técnica, aliada à adaptação tecnológica e ao investimento na equipe de funcionários, que Baungartner diz ter "ajustado" a imagem da empresa para enfrentar a concorrência.

Gestão de crises
A Nike, que foi acusada de favorecer o trabalho infantil por causa da atuação de uma de suas parceiras (a empresa terceiriza a fabricação de seus produtos) em 1997, teve de ser agressiva. A crise foi detonada no Camboja, onde foi constatado que a fabricante local desobedeceu o código de conduta da Nike e admitiu trabalhadores menores de idade, o que causou a rescisão do contrato.
Depois disso, o fundador e presidente da Nike na época, Phil Knight, anunciou iniciativas para aperfeiçoar as condições de trabalho. A empresa aumentou a estrutura e os recursos destinados ao monitoramento, discussão e inovação de processos.
"Por isso a Nike faz parte da Fair Labor Association e da Global Alliance, entidades independentes que realizam pesquisas com os funcionários das fábricas e divulgam seus resultados, o que nos permite continuar a aperfeiçoar o ambiente de trabalho de nossos parceiros", conta Kátia Gianone, gerente de comunicação corporativa da Nike do Brasil. (RGV)

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