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Escolas fazem fusão de princípios do construtuvismo com técnicas que priorizam a aquisição de conteúdos
Métodos pedagógicos diversos se cruzam no ensino privado
FABRIZIO RIGOUT
da Redação
Famílias que procuram escolas
para seus filhos certamente já ouviram de um diretor ou coordenador pedagógico que sua escola
"segue a linha construtivista".
O termo "construtivismo", pela
vulgarização que sofreu, pode significar desde a aplicação criteriosa
das idéias do filósofo Jean Piaget
(1896-1980) e da pedagoga Emília
Ferreiro, 60, até, em definição ampla, qualquer método de ensino
que respeite o ritmo de cada aluno.
"Quando o pai pergunta qual é o
método, posso responder qualquer coisa. Eu sou educador, o pai
é leigo", diz o diretor do Colégio
Rousseau, Aércio Lombardi. "Todas as pessoas que trabalham sinceramente com educação chegam
à mesma coisa por caminhos diferentes", acrescenta.
A "onda" construtivista chegou
ao Brasil na década de 70, quando
foram fundadas as escolas ditas
experimentais ou alternativas. Elas
davam prioridade à maneira pela
qual o aluno compreende o mundo e descobre suas habilidades, isto é, tratavam o desenvolvimento
intelectual como a capacidade que
a criança tem de se adaptar ao
meio. Para tanto, pautavam as aulas pela curiosidade dos alunos.
A experiência foi criticada em alguns aspectos. Do ponto de vista
organizacional, notou-se que não
era possível esperar o aluno se interessar por um assunto para então ensiná-lo. Outro problema é
que nem sempre a escolarização
da curiosidade dava certo.
Por outro lado, a aplicação do
construtivismo possibilitou a formação de crianças mais críticas,
opinativas, capazes de investigar
por si próprias e não apenas meras
assimiladoras de conhecimento.
Passada a experiência das escolas
alternativas, o ensino fundamental privado tornou-se em larga medida uma fusão do construtivismo
com outras técnicas pedagógicas,
desde as idéias da educadora italiana Maria Montessori (1870-1952)
até a preocupação, hoje predominante, com a informação transmitida, ou seja, com o conteúdo.
Isso se traduz na oferta de cursos
optativos, atividades extraclasse,
cursos de línguas e informática logo nas séries iniciais.
O conteudismo tem apelo entre
pais preocupados com os testes a
que seus filhos serão submetidos
-cada vez mais cedo- durante a
vida escolar, ou os que buscam
prepará-los desde logo para um
mercado de trabalho competitivo.
Em resposta a essa ansiedade,
muitas escolas anunciam preparar
seus alunos para "as profissões do
século 21". A estratégia delas não
se resume a estar em dia com a tecnologia, como alerta a professora
Maria Cecília de Souza, da Faculdade de Educação da USP.
"Não é preciso correr atrás da
tecnologia, mas sim ensinar certas
habilidades que ela supõe, como
tipos de raciocínio formal, abstrato e reflexivo, que são básicos para
operar nesse ambiente", afirma.
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