São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disciplinas oferecidas são as mesmas, mas o que difere é o enfoque

Aula revela diferenças de métodos

LAVÍNIA FÁVERO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

André e Sofia, alunos da terceira série do ensino médio, aprendem as mesmas noções de geometria analítica, magnetismo e história contemporânea, mas de modo nada parecido. Eles são alunos de dois colégios que representam modelos bem distintos de educação.
André Droghetti Magalhães Santos, 17, estuda no tradicional Colégio Porto Seguro. Sofia de Mesquita Sampaio, 17, é aluna da alternativa Escola da Vila. A Folha acompanhou um dia de aula de cada um para saber quais as diferenças entre as escolas.
A relação entre professores e alunos talvez seja o traço distintivo mais marcante. No Porto Seguro, quando toca o sinal de mudança de aula, ninguém sai da sala. Na Escola da Vila, a maioria dos professores permite que os alunos entrem e saiam da sala mesmo durante a aula.
No Porto Seguro, namorados não podem se abraçar. Na Escola da Vila, casais se beijam à vontade do lado de fora da sala.
O Porto Seguro segue um ritual que tem-se tornado cada vez mais raro: toda sexta-feira, depois do segundo intervalo, os alunos entoam, de pé, o Hino Nacional.
Outra diferença é quanto à infra-estrutura. O Porto Seguro tem laboratórios específicos para cada disciplina. Na Escola da Vila, um mesmo laboratório serve para química, física e biologia.
A abordagem dos conteúdos também varia de uma escola para a outra. Tomando como exemplo os atentados nos Estados Unidos: no Porto Seguro, a professora de história, Sonia Espindola, passou o filme "Pearl Harbor".
Na Escola da Vila, o professor Oldimar Pontes Cardoso não hesitou em indicar a leitura de Sergei Netchaiev, considerado o criador do terrorismo, para uma aluna que queria saber de onde o termo havia surgido.
No Porto Seguro, a média para passar de ano é cinco. "Mas o colégio é muito forte, não é uma escola que dê para levar sem se dedicar", afirma André.
Sofia tem de alcançar a média seis, mas diz que não precisa se esforçar tanto.
Ela só reclama um pouco da carga horária. "Acho que tem muita coisa que eu poderia estudar sozinha, sem aula."
André diz que gostaria de ter no Porto Seguro mais incentivo no aspecto cultural. "Eles deveriam indicar mais eventos e exposições para os alunos irem." Sofia está acostumada a participar de encontros literários, palestras e concursos de poesia.
Para André, o que ele leva da escola são aulas como as de direito e contabilidade, incluídas no currículo porque ele faz curso técnico de comércio exterior.
"É bom, porque eu já tenho contato com algumas matérias que eu vou estudar na faculdade de marketing que eu quero fazer."
Para Sofia, a coisa mais importante aprendida na escola é saber como o mundo funciona. "Depois que eu estudei aqui, fiquei sabendo como as coisas são organizadas politicamente, tenho uma compreensão e consciência maior daquilo que acontece."


Texto Anterior: Disciplina oriental ajudou na formação
Próximo Texto: O tradicional / O alternativo
Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.