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Disciplinas oferecidas são as mesmas, mas o que difere é o enfoque
Aula revela diferenças de métodos
LAVÍNIA FÁVERO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
André e Sofia, alunos da terceira série do ensino médio,
aprendem as mesmas noções
de geometria analítica, magnetismo e história contemporânea,
mas de modo nada parecido. Eles
são alunos de dois colégios que representam modelos bem distintos de educação.
André Droghetti Magalhães
Santos, 17, estuda no tradicional
Colégio Porto Seguro. Sofia de
Mesquita Sampaio, 17, é aluna da
alternativa Escola da Vila. A Folha acompanhou um dia de aula
de cada um para saber quais as diferenças entre as escolas.
A relação entre professores e
alunos talvez seja o traço distintivo mais marcante. No Porto Seguro, quando toca o sinal de mudança de aula, ninguém sai da sala. Na
Escola da Vila, a maioria dos professores permite que os alunos
entrem e saiam da sala mesmo
durante a aula.
No Porto Seguro, namorados
não podem se abraçar. Na Escola
da Vila, casais se beijam à vontade
do lado de fora da sala.
O Porto Seguro segue um ritual
que tem-se tornado cada vez mais
raro: toda sexta-feira, depois do
segundo intervalo, os alunos entoam, de pé, o Hino Nacional.
Outra diferença é quanto à infra-estrutura. O Porto Seguro tem
laboratórios específicos para cada
disciplina. Na Escola da Vila, um
mesmo laboratório serve para
química, física e biologia.
A abordagem dos conteúdos
também varia de uma escola para
a outra. Tomando como exemplo
os atentados nos Estados Unidos:
no Porto Seguro, a professora de
história, Sonia Espindola, passou
o filme "Pearl Harbor".
Na Escola da Vila, o professor
Oldimar Pontes Cardoso não hesitou em indicar a leitura de Sergei Netchaiev, considerado o criador do terrorismo, para uma aluna que queria saber de onde o termo havia surgido.
No Porto Seguro, a média para
passar de ano é cinco. "Mas o colégio é muito forte, não é uma escola que dê para levar sem se dedicar", afirma André.
Sofia tem de alcançar a média
seis, mas diz que não precisa se esforçar tanto.
Ela só reclama um pouco da
carga horária. "Acho que tem
muita coisa que eu poderia estudar sozinha, sem aula."
André diz que gostaria de ter no
Porto Seguro mais incentivo no
aspecto cultural. "Eles deveriam
indicar mais eventos e exposições
para os alunos irem." Sofia está
acostumada a participar de encontros literários, palestras e concursos de poesia.
Para André, o que ele leva da escola são aulas como as de direito e
contabilidade, incluídas no currículo porque ele faz curso técnico
de comércio exterior.
"É bom, porque eu já tenho
contato com algumas matérias
que eu vou estudar na faculdade
de marketing que eu quero fazer."
Para Sofia, a coisa mais importante aprendida na escola é saber
como o mundo funciona. "Depois que eu estudei aqui, fiquei sabendo como as coisas são organizadas politicamente, tenho uma
compreensão e consciência maior
daquilo que acontece."
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