São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2005

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Doações oficiais prometidas atingem US$ 5 bilhões

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

Motivações à parte, uma grande quantidade de voluntários está chegando e outra, de dinheiro, sendo prometida às vítimas do tsunami que devastou as costas de 13 países da Ásia e da África no dia 26. Governos e organismos multilaterais do mundo todo já prometeram cerca de US$ 5 bilhões em ajuda, segundo dados compilados pela Reuters.
Na última quinta, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, lançou uma campanha para arrecadar mais US$ 977 milhões. Mas a distribuição e a aplicação dos recursos esbarram em problemas de acesso. "Ainda há muitas áreas para as quais ainda não conseguimos mandar gente, especialmente na costa oeste de Sumatra [Indonésia], onde não se chega por terra", disse em comunicado Kevin M. Kennedy, diretor da divisão de Coordenação e Reação da agência da ONU para questões humanitárias, referindo-se ao "marco zero" do tsunami.
Nos próximos dias, segundo Kennedy, as operações de ajuda humanitária deverão incorporar a assistência militar internacional, que trabalhará na recuperação de infra-estrutura. A prioridade é a rede rodoviária, pois o uso de helicópteros, embora fundamental até agora, tem encarecido muito o custo das operações, afirmou o representante da ONU.
"Os helicópteros, que carregam até meia tonelada de comida, são extremamente importantes. Mas o que vai mesmo ser necessário são as estradas, por onde podem passar caminhões com 10 ou 20 toneladas de suprimentos a um custo muito menor", disse.
Progressos foram registrados. No Sri Lanka, um dos países mais atingidos, a expectativa era que todas as vítimas -cerca de 750 mil pessoas- já tivessem recebido assistência básica até este fim de semana. Nas Maldivas, cerca de 50 mil pessoas já receberam alimentos, e na Somália os esforços têm sido bem sucedidos, apesar das dificuldades impostas pela geografia e pelos conflitos locais.
Em Sumatra, as fileiras da ONU foram engrossadas por voluntários da Cruz Vermelha e de organizações não-governamentais. "Estamos aumentando nossas entregas a cada dia, tanto de alimentos como de outros suprimentos", disse Kennedy: "Mas continuamos muito preocupados com questões de saúde, doenças respiratórias, malária e o tratamento dos feridos", declarou.
Nos EUA, depois de ser acusado de sovinice, o governo elevou sua doação para US$ 350 milhões, além de US$ 40 milhões gastos pela Defesa no destacamento de pessoal e equipamento para a região atingida, após ser criticado.
Campanhas de arrecadação pipocam pelo país. Bancos programaram seus caixas eletrônicos para convocar os americanos a enviarem dólares às vítimas, enquanto sites de compras e de notícias, anúncios em jornais e comerciais na TV repetem o apelo à exaustão. Autoridades se revezam no anúncio de novas remessas, empresas disputam a maior doação, e artistas e organizações esportivas anunciam eventos para a arrecadação de fundos.


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