São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2005

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Impacto nas seguradoras é pequeno

ÉRICA FRAGA
DE LONDRES

Uma medida da pobreza da maior parte da população dos países afetados pelo tsunami é dada pela fria contabilidade dos números da indústria de seguros. O setor estima que os custos do maremoto serão relativamente baixos se comparados com outras catástrofes naturais bem menos devastadoras, mas que fizeram de 2004 o ano mais caro da história das seguradoras por terem ocorrido em países desenvolvidos.
Centenas de eventos -que não incluem o tsunami- como terremotos, furacões, ciclones, tufões e tempestades tropicais causaram prejuízo recorde total de US$ 40 bilhões para o setor de seguros no ano passado. Sozinhos, no entanto, dez desastres naturais concentrados nos EUA, no Caribe, no Japão e na Coréia do Sul, que mataram 2.386 pessoas, foram responsáveis US$ 35,3 bilhões desse total, segundo dados da Munich Re, maior resseguradora (empresa que assume o risco de outras seguradoras) do mundo.
Já o tsunami que, segundo a última estimativa oficial teria feito mais de 150 mil vítimas, deverá custar cerca de US$ 5 bilhões às seguradoras, segundo a maioria dos analistas. Projeção divulgada pela IUA (sigla em inglês para International Underwriting Association, que reúne empresas do setor de seguros que operam em Londres), aponta para prejuízos de, no máximo, US$ 10 bilhões.
A discrepância entre os números de mortos e os custos das seguradoras decorrentes desses desastre naturais pode ser explicada pelas diferenças socioeconômicos dos países. "A região onde ocorreu o tsunami é composta por países muito pobres, como Sri Lanka Índia e Indonésia, onde a densidade de seguros não é comparável com a de países industrializados", diz Peter Höppe, chefe do departamento de pesquisa de riscos geográficos da Munich Re.
A Munich Re estima que não gastará mais do que 100 milhões (cerca de US$ 135 milhões) com o tsunami. Sua concorrente, a Swiss Re, segunda maior resseguradora do mundo, apresenta uma projeção de gastos ainda menor: menos de 100 milhões de francos suíços (o equivalente a cerca de US$ 85 milhões).
Rudolf Enz, vice-chefe do departamento de pesquisa e consultoria da Swiss Re, revela que os gastos per capita com seguro de vida e com outros tipos de cobertura foram de, respectivamente, US$ 1,657 mil e US$ 1,980 mil nos Estados Unidos, em 2003. No mesmo período, na Indonésia, país mais afetado pelo tsunami, os gastos per capita foram de, respectivamente, US$ 6,4 e US$ 8,1.


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