|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Censo mostra católico de crença real, diz estudioso
DA SUCURSAL DO RIO
A redução da parcela de católicos na população brasileira era esperada pela Igreja Católica e pode
indicar que o número dos que se
dizem adeptos desse credo está se
aproximando do de católicos
realmente praticantes.
É essa a avaliação do sociólogo
Luiz Alberto Gómez de Souza, diretor-executivo do Ceris (Centro
de Estatística Religiosa e Investigações Sociais), um dos principais
organismos de assessoria da Igreja Católica no Brasil, ligado à
CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil).
"O catolicismo deixa de ser uma
adesão tradicional para ser uma
adesão pessoal, e o número de católicos se aproxima do de católicos praticantes", afirma Souza.
A pesquisa "O Desafio do Catolicismo na Cidade", realizada pelo
Ceris em 1999 em seis regiões metropolitanas do país, já apontava
um percentual de católicos na casa dos 67% -abaixo dos 73,77%
contabilizados pelo IBGE.
"Acho até bom, porque as pessoas têm uma opção pessoal.
Quem é católico é católico mesmo. A mim isso não amedronta. É
um desafio para a Igreja Católica
enfrentar", diz o sociólogo.
Segundo Souza, um ponto revelado na pesquisa do Ceris é a cobrança dos católicos por um melhor acolhimento nas paróquias
-algo que, na avaliação dele, os
evangélicos fazem melhor em
seus templos.
"As missas são anônimas. A
Igreja Católica tem de enfrentar
mais esse problema do acolhimento personalizado. Os evangélicos fazem isso muito bem, a
igreja pode até aprender com os
evangélicos", afirma.
Para a antropóloga Regina Novaes, do Iser (Instituto de Estudos
da Religião), ainda há, porém, entre os que se dizem católicos, um
grande número de pessoas que
respondem movidas pela tradição, não pela crença real.
Na avaliação dela, duas reações
opostas da Igreja Católica fizeram
com que o crescimento dos evangélicos não fosse ainda maior: a
Teologia da Libertação, com sua
atuação política e a criação das
Comunidades Eclesiais de Base, e
o movimento de Renovação Carismática.
A Renovação Carismática também tem traços pentecostais: valoriza os dons do Espírito Santo, a
cura e a capacidade de orar em
línguas desconhecidas (glossolalia). Com os carismáticos, ganhou
força nos meios de comunicação
o fenômeno dos padres cantores,
como Marcelo Rossi.
(FE)
Texto Anterior: Rio tem mais sem-fé Próximo Texto: Pentecostais mostram sua força Índice
|