São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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Censo mostra católico de crença real, diz estudioso

DA SUCURSAL DO RIO

A redução da parcela de católicos na população brasileira era esperada pela Igreja Católica e pode indicar que o número dos que se dizem adeptos desse credo está se aproximando do de católicos realmente praticantes.
É essa a avaliação do sociólogo Luiz Alberto Gómez de Souza, diretor-executivo do Ceris (Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais), um dos principais organismos de assessoria da Igreja Católica no Brasil, ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
"O catolicismo deixa de ser uma adesão tradicional para ser uma adesão pessoal, e o número de católicos se aproxima do de católicos praticantes", afirma Souza.
A pesquisa "O Desafio do Catolicismo na Cidade", realizada pelo Ceris em 1999 em seis regiões metropolitanas do país, já apontava um percentual de católicos na casa dos 67% -abaixo dos 73,77% contabilizados pelo IBGE.
"Acho até bom, porque as pessoas têm uma opção pessoal. Quem é católico é católico mesmo. A mim isso não amedronta. É um desafio para a Igreja Católica enfrentar", diz o sociólogo.
Segundo Souza, um ponto revelado na pesquisa do Ceris é a cobrança dos católicos por um melhor acolhimento nas paróquias -algo que, na avaliação dele, os evangélicos fazem melhor em seus templos.
"As missas são anônimas. A Igreja Católica tem de enfrentar mais esse problema do acolhimento personalizado. Os evangélicos fazem isso muito bem, a igreja pode até aprender com os evangélicos", afirma.
Para a antropóloga Regina Novaes, do Iser (Instituto de Estudos da Religião), ainda há, porém, entre os que se dizem católicos, um grande número de pessoas que respondem movidas pela tradição, não pela crença real.
Na avaliação dela, duas reações opostas da Igreja Católica fizeram com que o crescimento dos evangélicos não fosse ainda maior: a Teologia da Libertação, com sua atuação política e a criação das Comunidades Eclesiais de Base, e o movimento de Renovação Carismática.
A Renovação Carismática também tem traços pentecostais: valoriza os dons do Espírito Santo, a cura e a capacidade de orar em línguas desconhecidas (glossolalia). Com os carismáticos, ganhou força nos meios de comunicação o fenômeno dos padres cantores, como Marcelo Rossi. (FE)


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