São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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BANCO

TÉCNICOS SÃO AS ESTRELAS

Folha Imagem
A partir do alto, da esq. para a dir., Parreira, Oliveira, Luxemburgo, Leão, Lopes e Tite, estrelas deste Brasileiro



Clubes grandes de São Paulo, em melhor situação financeira, concentram treinadores de ponta do país


Esqueça atletas de renome, pentacampeões, craques consagrados nos últimos anos. Com a atual situação de penúria dos clubes brasileiros, as principais atrações dos times não estarão dentro de campo, fazendo jogadas, defesas ou marcando gols.
Em vez disso, os candidatos a "ídolos" do Nacional que começa amanhã estarão sentados nos bancos de reservas, gritando, observando e orientando suas equipes.
Se a ausência dos grandes jogadores brasileiros e os holofotes voltados em direção aos técnicos já são uma constante nos últimos Nacionais, no ano do penta a situação fica ainda mais flagrante. E especialmente nos representantes do futebol paulista.
Eles terão treinadores de ponta em suas equipes, que ganham tanto ou até mais do que seus principais jogadores. São Paulo virou, definitivamente, a meca dos técnicos.
Os quatro grandes do Estado têm nomes de peso no banco: Carlos Alberto Parreira, no Corinthians, Emerson Leão, no Santos, Wanderley Luxemburgo, no Palmeiras e Oswaldo de Oliveira, no São Paulo.
Dos quatro, apenas Oliveira, o mais novo na profissão -começou a carreira em 1999, dirigindo o Corinthians-, não exerceu o cargo de técnico da seleção brasileira. Em compensação, o atual comandante do time do Morumbi tem em seu currículo o título do Mundial de Clubes da Fifa, em 2000, quando estava no Corinthians.
No entanto, a situação paulista contrasta, por exemplo, com a dos times cariocas. Dos quatro maiores clubes do Estado, apenas o Vasco, que recentemente contratou o ex-coordenador da seleção brasileira Antônio Lopes, conta com um técnico de primeira linha. Os demais times serão dirigidos por treinadores que não são tão conhecidos ou não têm o currículo dos que treinam os principais clubes de São Paulo.
O Fluminense é comandado por Robertinho, ex-jogador que era o responsável pelas categorias de base do clube.
O Flamengo, que no Brasileiro do ano passado era dirigido pelo tetracampeão Mario Jorge Lobo Zagallo, hoje está nas mãos de Lula Pereira, técnico que ainda não conseguiu ganhar um título com clubes de expressão nacional.
Já o Botafogo viu Abel Braga pedir demissão no mês passado. Ao sair, Braga alegou falta de condições para trabalhar. O técnico, hoje, é Arthur Bernardes, que convive com atletas insatisfeitos com o atraso no pagamento de salários.
O motivo dessa diferença em relação aos técnicos nos dois principais centros do futebol nacional é, realmente, fácil de explicar. Resume-se à parte financeira.
"Em São Paulo se paga melhor e com regularidade. É natural os melhores técnicos procurarem as melhores condições de trabalho", analisa Oswaldo de Oliveira, que ganha R$ 100 mil mensais, R$ 10 mil a mais do que Nelsinho Baptista, seu antecessor.
Entretanto, o status alcançado pelos técnicos no país ainda não é o mesmo no âmbito internacional. Ao contrário dos jogadores, que são cobiçados pelas maiores equipes do planeta, os treinadores brasileiros ainda vêem a porta fechada para eles.
E o principal exemplo é justamente Luiz Felipe Scolari, que ganhou o pentacampeonato em Yokohama. Antes mesmo da final contra a Alemanha, o treinador deixou claro que estava aberto a propostas de clubes do exterior. Um mês depois do título, lamentava não ter recebido nenhum convite para dirigir times europeus.


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