São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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DE CABEÇA PRA BAIXO-2

GRANDES SEGUEM NANICOS

Paulo Sérgio - 2.ago.02/'Jornal dos Sports'
O atacante Romário, 36, principal atração de um Brasileiro marcado pela economia dos times grandes, treina nas Laranjeiras, estádio do Fluminense



Times como Vasco e Corinthians enxugam orçamentos e cortam "luxos", como concentração


Atolados em dívidas, os principais times do Brasil esperam ajuda do governo para poderem melhorar nos próximos anos e voltar a dominar o cenário esportivo. Enquanto o auxílio não vem, seguem o exemplo dos clubes pequenos: orçamentos enxutos, sem luxos, e economia total.
O caso mais grave é o do Flamengo, que chegou a ter a luz da Gávea cortada e que tem dívidas que chegam a R$ 200 milhões.
Como pelo menos R$ 50 milhões são referentes à Previdência e à Receita Federal, a Petrobras, que patrocina o clube, suspendeu os pagamentos ao time carioca.
Com o técnico Lula Pereira, acostumado a dirigir equipes de menor expressão, o Flamengo espera não repetir o desempenho pífio que teve no ano passado, quando terminou o Brasileiro em 24º lugar e esteve ameaçado de rebaixamento até a última rodada. Desde 1999, o time coleciona mais derrotas no Nacional do que vitórias e desde 1997 não passa à segunda fase.
Vasco e Santos seguem a trilha do Flamengo, que perdeu Juninho e aposta em algumas revelações das categorias de base. No clube paulista, a principal esperança é o meia Diego, 17, que já teria até sido sondado por equipes estrangeiras.
No Vasco, Antônio Lopes quer a volta da concentração, que tinha sido cortada no ano passado por economia. Eurico Miranda ficou de analisar, mas já avisou que não será possível adotá-la em todos os jogos.
A grande novidade entre os cariocas está no Fluminense, que terá como atração Romário, 36, graças à Unimed e à Coca-Cola.
Em São Paulo, o Corinthians, em vias de rescindir o contrato com o HMTF, fundo de investimentos norte-americano, não fez contratações para o Nacional e ainda perdeu o goleiro Dida para o futebol europeu.
"A saída deles é como a nossa e a de qualquer outro grande clube do Brasil que sonha em ganhar o Brasileiro e ir para a Libertadores: investir na juventude, apostar nas categorias de base. Mesmo que os resultados não venham a curto prazo, pelo menos podemos ter a certeza de que a médio prazo virão", disse Zezé Perrella, presidente do Cruzeiro, cujo contrato de parceria com o HMTF já foi rescindido.
Para o Palmeiras, de Wanderley Luxemburgo, o veterano Zinho, 35, que não ficou no Grêmio já que o time gaúcho não quis arcar com seu salário, é visto como salvador da pátria.
Uma situação mais complicada vive o São Paulo. Depois de ter sido eliminado na primeira fase da Copa dos Campeões, a oposição ao presidente Marcelo Portugal Gouvêa começou a se mexer e tentar jogar a torcida contra a nova administração.
"Eles entraram prometendo muito, mas até agora não vi resultado algum. Falaram tanto num grande time e fizeram tão pouco para reforçar o elenco que todo são-paulino deve estar decepcionado", disse José Dias, ex-diretor de futebol do clube. ""É bom para eles verem que falar é fácil, mas fazer é outra história."



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