São Paulo, sexta, 9 de outubro de 1998

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TECNOCONSUMO
Internet vira ferramenta e símbolo de status

MARIA ERCILIA
Editora de Internet

O crescimento da Internet no Brasil coincide exatamente com o governo FHC: em dezembro de 94, a Embratel anunciava o acesso comercial à rede, pouco antes de o presidente tomar posse.
O serviço da Embratel acabou não se concretizando, mas estava dada a largada para a rede de computadores no país.
Em 95 era de apenas 120 mil o número de usuários brasileiros da Internet. Em apenas três anos, este número pulou para 2,1 milhões (dados do Datafolha, julho de 98).
A rede mundial se tornou, no país, uma ferramenta de consumo e um símbolo de status. O número de PCs, que era de 3,3 milhões em 95, praticamente dobrou, chegando neste ano a 6 milhões de máquinas (dados de pesquisa da Fundação Getúlio Vargas).
Hoje, apesar da infra-estrutura telefônica deficiente e do número de computadores ainda relativamente pequeno, o Brasil é o único país de Terceiro Mundo a participar do clube dos dez com maior número de usuários da Internet. Ocupa o oitavo lugar, abaixo dos EUA, Japão, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Austrália e Suécia (é também do Brasil o oitavo lugar em número de PCs no mundo).
Há alguns fenômenos no "mercado interno" da Internet brasileira. Somos possivelmente o país mais adiantado do mundo em serviços bancários via Internet, por exemplo Äo próprio Bill Gates reconheceu isso numa entrevista.
Isso acontece porque os bancos brasileiros se sofisticaram tecnologicamente durante o auge da inflação, e porque a legislação não põe obstáculos às transações bancárias eletrônicas.
Com o comércio eletrônico, a rede passou a ser um grande shopping à distância de um clique.
E o brasileiro descobriu o mundo maravilhoso das compras na Internet: estamos entre o cinco maiores mercados da livraria on line Amazon, por exemplo.
Mas o comércio eletrônico globalizado é uma rua de mão única, pelo menos até agora: são algumas centenas de lojas norte-americanas vendendo para o resto do mundo.
Tanto que o governo Clinton vem fazendo lobby pela ausência de impostos sobre o comércio eletrônico Äna prática, isso significaria um tapete vermelho para a exportação de produtos norte-americanos para o mundo inteiro. Na cadeia alimentar da Internet, o Brasil corre o risco de se tornar apenas uma nação de consumidores.



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