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TECNOCONSUMO
Internet vira ferramenta e símbolo de status
MARIA ERCILIA
Editora de Internet
O crescimento da Internet no Brasil coincide exatamente com o governo
FHC: em dezembro de 94, a
Embratel anunciava o acesso comercial à rede, pouco
antes de o presidente tomar
posse.
O serviço da Embratel
acabou não se concretizando, mas estava dada a largada para a rede de computadores no país.
Em 95 era de apenas 120
mil o número de usuários
brasileiros da Internet. Em
apenas três anos, este número pulou para 2,1 milhões (dados do Datafolha,
julho de 98).
A rede mundial se tornou, no país, uma ferramenta de consumo e um
símbolo de status. O número de PCs, que era de 3,3
milhões em 95, praticamente dobrou, chegando
neste ano a 6 milhões de
máquinas (dados de pesquisa da Fundação Getúlio
Vargas).
Hoje, apesar da infra-estrutura telefônica deficiente e do número de computadores ainda relativamente pequeno, o Brasil é o único país de Terceiro Mundo
a participar do clube dos
dez com maior número de
usuários da Internet. Ocupa o oitavo lugar, abaixo
dos EUA, Japão, Canadá,
Alemanha, Reino Unido,
Austrália e Suécia (é também do Brasil o oitavo lugar em número de PCs no
mundo).
Há alguns fenômenos no
"mercado interno" da Internet brasileira. Somos
possivelmente o país mais
adiantado do mundo em
serviços bancários via Internet, por exemplo Äo
próprio Bill Gates reconheceu isso numa entrevista.
Isso acontece porque os
bancos brasileiros se sofisticaram tecnologicamente
durante o auge da inflação,
e porque a legislação não
põe obstáculos às transações bancárias eletrônicas.
Com o comércio eletrônico, a rede passou a ser um
grande shopping à distância de um clique.
E o brasileiro descobriu o
mundo maravilhoso das
compras na Internet: estamos entre o cinco maiores
mercados da livraria on line
Amazon, por exemplo.
Mas o comércio eletrônico globalizado é uma rua de
mão única, pelo menos até
agora: são algumas centenas de lojas norte-americanas vendendo para o resto
do mundo.
Tanto que o governo
Clinton vem fazendo lobby
pela ausência de impostos
sobre o comércio eletrônico Äna prática, isso significaria um tapete vermelho
para a exportação de produtos norte-americanos
para o mundo inteiro. Na
cadeia alimentar da Internet, o Brasil corre o risco de
se tornar apenas uma nação
de consumidores.
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