São Paulo, domingo, 10 de julho de 2011

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Sem 3º aeroporto na Grande SP, preço de passagem deve subir

Para especialista, ampliação de Viracopos vai tornar Guarulhos mais caro

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Ao anunciar recentemente o modelo de concessão privada, a presidente Dilma Rousseff demonstrou que a intenção do governo é fazer de Viracopos, em Campinas (93 km de São Paulo), o grande centro aeroportuário do país. Com isso, o projeto de construção de um terceiro aeroporto na região metropolitana foi posto de lado.
Especialistas e consultores de transporte aéreo apontam, no entanto, que a falta de um terceiro aeroporto levará a um forte aumento no preço das passagens.
"Quem quiser embarcar em Guarulhos vai pagar mais, assim como ocorre em Congonhas", afirmou André Castellini, sócio da consultoria Bain & Co.
Na sua avaliação, "faz todo sentido" o governo investir em Viracopos, devido à crescente demanda do interior, Porém, segundo ele, "mais cedo ou mais tarde as autoridades vão ter que entender que um terceiro aeroporto também é necessário".
Congonhas e Guarulhos receberam juntos 42,2 milhões de passageiros em 2010. A expectativa da Bain& Co é que essa demanda quadruplique até 2030.

DESLOCAMENTO
Para o consultor Douglas Targa, ex-diretor de infraestrutura aeroportuária do Ministério da Defesa, o passageiro que viaja a negócios (70%do total) não vai se deslocar para Viracopos. "Campinas vai atender, no máximo, a demanda de lazer."
O deslocamento de São Paulo a Campinas implica também grande custo econômico e ambiental. O trem de alta velocidade, se sair do papel, não custará menos de R$ 38 bilhões. Há quem fale em R$55 bilhões.
Sem trem-e mesmo com ele-há o impacto da demanda nas estradas. Se 20% da demanda projetada para o aeroporto (50 milhões a 70 milhões até 2030) sedes locar de uma cidade a outra por meio rodoviário, será 1 milhão de pessoas por ano a mais na Bandeirantes.

CAIEIRAS
Viracopos se transformou na principal opção para o governo devido à dificuldade de viabilizar as alternativas.
O ideal para São Paulo seria ampliar a capacidade de Guarulhos. A aeroporto terá nos próximos anos outro terminal, mas está limitado a 35 milhões de passageiros devido à capacidade das pistas.
O projeto inicial previa uma terceira pista, mas a área foi invadida e hoje abriga 5.500 famílias. O projeto foi declarado "tecnicamente inviável" em 2008.
A segunda alternativa seria a construção de um novo aeroporto. Nesse caso, o governo tem duas opções: adquirir um terreno e elaborar um projeto próprio (medida que esbarra na escassez de terreno e que levaria mais de uma década), ou entregar para a iniciativa privada. A Andrade Gutierrez e a Camargo Corrêa têm um terreno, na região de Caieiras, e a promessa de construir um aeroporto privado em quatro anos, com capacidade para 20 milhões de passageiros.
O projeto, contudo, enfrenta resistência de concorrentes e dentro do governo.
Teme-se que a concorrência tire valor de Guarulhos.


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