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Reunião do ministro das Minas e Energias, Rodolpho Tourinho (centro), com o setor energético brasileiro para identificar as origens do blecaute

da Sucursal de Brasília

Vinte horas e 29 minutos depois do início do blecaute de anteontem, o Ministério das Minas e Energia divulgou ontem a versão oficial de que a queda de um raio em Bauru (SP) provocou a interrupção total ou parcial de energia elétrica em dez Estados e no Distrito Federal.
O raio caiu às 22h16 de anteontem na subestação da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) em Bauru. Essa é a causa apurada pelo governo, conforme nota divulgada ontem, às 19h45, pelo ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), após reunião com a cúpula do setor energético brasileiro para identificar as origens do problema.
Segundo o ministro, o raio atingiu o sistema central da subestação, causando o desligamento de cinco linhas de transmissão e retirando de operação diversas usinas hidrelétricas do sistema Cesp.
"Uma enorme quantidade de raios foi detectada pelo Serviço de Meteorologia, por volta das 22h, na região de São Paulo, do sul de Minas e do Paraná, com concentração na região noroeste de São Paulo", disse o ministro.
Nota distribuída pela assessoria do ministro afirma que "a saída das usinas (da Cesp) desequilibrou" o sistema interligado das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e "provocou o desligamento das linhas que transportam energia de Itaipu (PR)".
A reativação do sistema não foi imediata, logo após a queda do raio, para não provocar novas interrupções e ameaçar o funcionamento das usinas. "O retorno teve de ser gradual pela extensão do problema", diz a nota.
O ministro disse que a queda do raio foi "um fato excepcional". Segundo ele, "não há porque duvidar da confiabilidade do sistema elétrico brasileiro".
O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Mário Santos, disse ser "improvável" uma nova queda de um raio na mesma subestação. "É extremamente raro um raio cair duas vezes em uma barra que distribui as linhas de transmissão. Mas não posso dizer que isso seja impossível." Ele disse ainda: "É como o amor. Paixão não dá todo dia".
O ministro Rodolpho Tourinho afirmou que somente foi confirmada a origem do problema depois das 17h de ontem. A Cesp enviou dados comprovando o registro da queda do raio.
A causa do blecaute foi anunciada durante entrevista coletiva que teve a participação do presidente da Itaipu Binacional, o ex-deputado Euclides Scalco, do presidente da Eletrobrás, Firmino Sampaio Neto, do diretor-geral do ONS, Mário Santos, e o diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Mário Abdo.

Pára-raios
O diretor-geral da ONS disse que a subestação de Bauru possui pára-raios, mas a descarga elétrica foi superior à capacidade de proteção da rede. Isso provocou, segundo ele, o desligamento do barramento (central de linhas de transmissão).
Questionado se a ONS não irá aumentar a capacidade de suporte dos pára-raios das subestações, Mário Santos afirmou que o problema servirá para a realização de estudos com vistas a prevenir acidentes semelhantes.
"O nível de proteção nunca é absoluto", afirmou o diretor-geral do ONS, que negou também que esse tenha sido o maior blecaute já registrado na história do sistema de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica do país. Segundo ele, nos anos 70 e 80, houve blecautes que comprometeram até 100% do sistema.
"O sistema interligado apresenta bônus e ônus", disse o ministro das Minas e Energia. Ele acrescentou que, quando há ônus, ele é dividido entre uma parcela grande da população.
O ministro Rodolpho Tourinho disse que uma onda de calor muito forte no Rio Grande do Sul está comprometendo o abastecimento de energia elétrica no Estado. Ele disse que o problema nada tem a ver com o blecaute de anteontem.


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