São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2001

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TESTEMUNHA

Noiva ficou para trás, mas rapaz ainda espera

Associated Press
Equipe de resgate socorre mulher ferida por estilhaços provocados pelas explosões e queda dos prédios


JOSÉ SACCHETTA
EM NOVA YORK

Chorando sem parar, o imigrante dominicano Ruben Ruiz, 30, conta que minutos antes da tragédia no WTC, foi com sua noiva, a chinesa Lina Cheng, 30, à seguradora onde ela trabalhava, no 97º andar da torre 2. "Alguém disse que quando as torres foram construídas, os engenheiros garantiram que era uma obra eterna. Outro lembrou que disseram o mesmo do Titanic."
Ruiz repete suas história, com detalhes. "Ela quis chegar antes ao trabalho, e eu subi junto. Quando senti o impacto no prédio vizinho, quis descer. Tentei convencê-la a vir comigo mas, como a maioria das pessoas, ela decidiu fazer um telefonema. Era inacreditável. Parecia que todo mundo no escritório decidira telefonar."
Ruiz tomou o elevador, mas não passou do 56º andar. "O elevador parou. Em seguida, ouvi uma explosão. O prédio tremeu. O chão subiu e quebrou em pedaços. Pensei que era um terremoto. Saí correndo pelas escadas. Uma massa humana tentava passar. Vi muita gente caída, com crise de nervos, paralisada. Duvido que tenham conseguido se salvar."
Assim que Ruiz saiu, a torre 2 desabou. Horas depois, ele continuava sentado numa calçada. Diz não ter esperança de reencontrar a noiva. Mas continua ali, olhando para a coluna de fumaça, no lugar onde ficavam as duas torres.


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