São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2001

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REAÇÃO

Bush tenta formar frente global contra o terrorismo

Reuters
O presidente dos EUA, George Bush, em encontro do conselho de segurança na Casa Branca


Presidente fala em atos de guerra e vê batalha do bem contra o mal

Washington busca apoio da Otan, Rússia, China e países islâmicos

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Enquanto os EUA buscavam o apoio e a participação de seus parceiros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) numa provável reação militar aos ataques terroristas de anteontem, o presidente George W. Bush equiparou os atentados sofridos pelos EUA a "atos de guerra".
Num novo pronunciamento à nação, Bush afirmou, em referência ao terrorismo internacional, que os EUA reagirão e vencerão o que classificou como "uma batalha monumental do bem contra o mal".
Segundo o presidente, os EUA estão em guerra contra "um inimigo que não liga para vidas humanas" e "é diferente de tudo aquilo que já enfrentamos anteriormente".
O presidente prometeu aos norte-americanos que o governo encontrará "esse inimigo que mata o povo americano dentro e fora dos Estados Unidos".
As declarações de Bush sinalizaram uma elevação de tom da Casa Branca, em compasso com uma reação cada vez mais indignada da opinião pública norte-americana.
Pesquisa do "Washington Post" e da rede de TV ABC revelou que 94% dos americanos são favoráveis a represálias e 84% apoiam a retaliação militar contra qualquer país que tiver colaborado com as ações terroristas.
O grupo extremista islâmico Taleban, que controla quase todo o território do Afeganistão, é o mais provável alvo de uma retaliação norte-americana e de seus aliados.
Isso porque, depois de um dia de investigações, ficou mais forte a suspeita de que os ataques em Nova York e na Virgínia foram organizados pelo extremista saudita Osama bin Laden, abrigado pelo Taleban no Afeganistão.
Bush evitara usar a palavra "guerra" anteontem, quando aviões comerciais sequestrados derrubaram as torres gêmeas do World Trade Center e destruíram um setor do Pentágono, sede do comando militar do país, na maior ação terrorista da história.
Usando a mesma terminologia empregada por Bush, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, afirmou que o governo reagirá "como se estivesse em guerra". Segundo ele, "o povo americano possui um entendimento claro de que isso é uma guerra. É assim que vemos isso. Não se pode encarar isso de outra forma, seja isso legalmente correto ou não."
No entanto, o secretário disse que os EUA não lançariam operações militares "por enquanto" e reconheceu que o país não sabe ainda quem são os autores dos ataques. "Estamos longe de selecionar qualquer alvo militar ou de decidir como atacar esses eventuais alvos. Temos de traçar uma estratégia", disse ele.
Powell assumiu a liderança das conversas com aliados europeus dos EUA ao retornar de uma viagem à América do Sul.
A Otan aprovou ontem pela primeira vez em sua história o uso do artigo 5, que prevê a defesa mútua de seus 19 membros.
"O conselho (da Otan) concordou que, se ficar determinado que foi um ataque originado no exterior contra os EUA, ele será visto como uma ação prevista no artigo 5", disse comunicado da aliança.
O artigo obrigaria todos os governos da aliança a apoiar ou participar de ações militares coordenadas pelos EUA.
A Otan é uma aliança militar fundada em 1949, em Washington, no final da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Com sede em Bruxelas (Bélgica), a aliança inclui EUA, Canadá e 17 países europeus.
Além dos aliados da Otan, os EUA buscavam ontem apoio de Rússia, China e estados muçulmanos para formar uma ampla coalizão global antiterrorismo.
Bush conversou com os dirigentes dos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -Reino Unido, França, China e Rússia. Powell conversou com líderes de outros países. "Nós iremos mobilizar o mundo. Seremos pacientes. Seremos determinados e incansáveis", disse Bush. "Este é o momento para o mundo enfrentar o terrorismo, e o presidente Bush está bastante satisfeito com a reação de líderes em todo o mundo", disse Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.
Um alto funcionário do Departamento de Estado disse que, para Washington, o mundo se dividia em dois: a favor e contra os EUA. "Esperamos que todos tomem partido", disse ele.
O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, disse que funcionários e parlamentares dos EUA serão punidos se discutirem informações confidenciais publicamente.



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