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Petrobras descarta impacto imediato nos preços
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta dos preços do petróleo logo após os atentados de anteontem nos Estados Unidos é visto na
Petrobras como um fato transitório, que só passará a ser uma
preocupação maior se a reação
dos EUA atingir de alguma forma
os países produtores de óleo.
Caso isso não ocorra, os técnicos avaliam que o preço voltará
logo para o intervalo entre US$ 22
e US$ 28 por barril, considerado
adequado no momento pela
Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo).
Eles avaliam também que o impacto da alta de agora sobre a próxima revisão dos preços dos combustíveis, prevista para o dia 6 de
outubro, será mínimo, até porque
já se passaram mais de 70 dias
desde a última revisão trimestral.
A fórmula para o reajuste leva
em conta a variação do preço internacional do petróleo e a variação do real em relação ao dólar ao
longo de três meses.
Caso o eventual revide norte-americano ao ataque terrorista
cause alta prolongada do dólar e
do preço do barril de petróleo, o
impacto no próximo reajuste de
combustíveis -marcado para 5
de outubro- será reduzido, segundo avaliação do governo.
Isso porque a fórmula elaborada pelo governo para definir os
percentuais de reajuste leva em
conta a média das cotações do dólar e do barril de petróleo desde o
início do ano. Para o reajuste do
mês que vem, entrarão no cálculo
da média apenas as cotações dos
dias que faltam para o fim do mês
de setembro.
Na projeção do governo antes
da crise, o reajuste poderia ser de
até 4% na refinaria -3,4% na
bomba. Para isso, até o final de setembro, o barril de petróleo deveria ter cotação próxima a US$ 27 e
o dólar, a R$ 2,60.
Em uma projeção mais pessimista feita pela área técnica do governo, a média da cotação do barril poderia ficar em US$ 35 até o final de setembro e o dólar, a R$
2,80. Nessa hipótese, o reajuste seria de até 8,1% na refinaria, ou
6,9% na bomba.
Uma projeção mais otimista,
com barril de petróleo a US$ 31 e
dólar a R$ 2,60 até o final de setembro, indica aumento máximo
de 5,7% na refinaria.
Em novembro do ano passado,
o governo definiu uma fórmula
para reger os reajustes dos combustíveis determinados pelo governo. A fórmula leva em conta o
preço internacional médio do
barril de petróleo em comparação
a um preço de referência para este
combustível em reais (R$ 55) e a
cotação média do dólar. Se o preço do petróleo estiver maior do
que o preço de referência, há reajuste. Estando menor, o preço cai.
Abastecimento
Caso o cenário internacional se
agrave e esse agravamento tenha
impacto forte no comércio internacional de petróleo, o Brasil tem
condições de manter o abastecimento interno de combustíveis
sem maiores problemas por pelo
menos um mês.
A Petrobras mantém nas suas
refinarias estoques suficientes para cerca de sete dias de refino.
Além disso, segundo os especialistas, há no mercado distribuidor
combustíveis para uma média de
três dias de abastecimento.
Como atualmente a produção
nacional (1,367 milhão de barris/
dia no primeiro semestre) responde por 78% do óleo refinado
no país, cada dia de estoque corresponde a mais de três dias de
necessidade de óleo importado
para completar a carga diária das
refinarias do país.
No primeiro semestre do ano, a
média diária de importação de
petróleo cru pela Petrobras foi de
303 mil barris. A empresa importou também uma média de 361
barris/dia de derivados e exportou 101 mil barris/dia de óleo cru e
203 mil barris/dia de derivados.
Outro fator considerado positivo é a distribuição do petróleo importado por origem. A maior parte do que o Brasil importa atualmente vem de Argentina, Venezuela, Nigéria e Argélia, países situados fora das áreas de possíveis
conflitos decorrentes de retaliações norte-americanas aos atentados de terça-feira.
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