São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2001

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Petrobras descarta impacto imediato nos preços

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta dos preços do petróleo logo após os atentados de anteontem nos Estados Unidos é visto na Petrobras como um fato transitório, que só passará a ser uma preocupação maior se a reação dos EUA atingir de alguma forma os países produtores de óleo.
Caso isso não ocorra, os técnicos avaliam que o preço voltará logo para o intervalo entre US$ 22 e US$ 28 por barril, considerado adequado no momento pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
Eles avaliam também que o impacto da alta de agora sobre a próxima revisão dos preços dos combustíveis, prevista para o dia 6 de outubro, será mínimo, até porque já se passaram mais de 70 dias desde a última revisão trimestral.
A fórmula para o reajuste leva em conta a variação do preço internacional do petróleo e a variação do real em relação ao dólar ao longo de três meses.
Caso o eventual revide norte-americano ao ataque terrorista cause alta prolongada do dólar e do preço do barril de petróleo, o impacto no próximo reajuste de combustíveis -marcado para 5 de outubro- será reduzido, segundo avaliação do governo.
Isso porque a fórmula elaborada pelo governo para definir os percentuais de reajuste leva em conta a média das cotações do dólar e do barril de petróleo desde o início do ano. Para o reajuste do mês que vem, entrarão no cálculo da média apenas as cotações dos dias que faltam para o fim do mês de setembro.
Na projeção do governo antes da crise, o reajuste poderia ser de até 4% na refinaria -3,4% na bomba. Para isso, até o final de setembro, o barril de petróleo deveria ter cotação próxima a US$ 27 e o dólar, a R$ 2,60.
Em uma projeção mais pessimista feita pela área técnica do governo, a média da cotação do barril poderia ficar em US$ 35 até o final de setembro e o dólar, a R$ 2,80. Nessa hipótese, o reajuste seria de até 8,1% na refinaria, ou 6,9% na bomba.
Uma projeção mais otimista, com barril de petróleo a US$ 31 e dólar a R$ 2,60 até o final de setembro, indica aumento máximo de 5,7% na refinaria.
Em novembro do ano passado, o governo definiu uma fórmula para reger os reajustes dos combustíveis determinados pelo governo. A fórmula leva em conta o preço internacional médio do barril de petróleo em comparação a um preço de referência para este combustível em reais (R$ 55) e a cotação média do dólar. Se o preço do petróleo estiver maior do que o preço de referência, há reajuste. Estando menor, o preço cai.

Abastecimento
Caso o cenário internacional se agrave e esse agravamento tenha impacto forte no comércio internacional de petróleo, o Brasil tem condições de manter o abastecimento interno de combustíveis sem maiores problemas por pelo menos um mês.
A Petrobras mantém nas suas refinarias estoques suficientes para cerca de sete dias de refino. Além disso, segundo os especialistas, há no mercado distribuidor combustíveis para uma média de três dias de abastecimento.
Como atualmente a produção nacional (1,367 milhão de barris/ dia no primeiro semestre) responde por 78% do óleo refinado no país, cada dia de estoque corresponde a mais de três dias de necessidade de óleo importado para completar a carga diária das refinarias do país.
No primeiro semestre do ano, a média diária de importação de petróleo cru pela Petrobras foi de 303 mil barris. A empresa importou também uma média de 361 barris/dia de derivados e exportou 101 mil barris/dia de óleo cru e 203 mil barris/dia de derivados.
Outro fator considerado positivo é a distribuição do petróleo importado por origem. A maior parte do que o Brasil importa atualmente vem de Argentina, Venezuela, Nigéria e Argélia, países situados fora das áreas de possíveis conflitos decorrentes de retaliações norte-americanas aos atentados de terça-feira.



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