São Paulo, quinta-feira, 13 de setembro de 2001

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Custo adicional com segurança deve piorar posição do setor aéreo

CLAUDIA ROLLI
DA REDAÇÃO

Analistas do setor aéreo internacional prevêem que os custos adicionais com segurança e taxas de renovação de seguro, a partir de agora, vão provocar aumento no preço das passagens e uma onda de quebradeira de empresas e aeroportos. Ontem, uma companhia norte-americana anunciou o encerramento de suas operações.
O impacto será ainda maior com a retração do turismo internacional após os atos terroristas nos Estados Unidos. Especialistas consideram que esse foi um golpe para a indústria de aviação, que já vinha sofrendo com a perda de passageiros desde a década de 90.
A Midway Airlines, companhia regional sediada na Carolina do Norte, demitiu ontem 1.700 funcionários e suspendeu vôos futuros. Ela estava em processo de falência e informou que não teria condições de sobreviver. "Não temos recursos para nos reorganizarmos neste momento."
A redução do tráfego aéreo também fez as ações das companhias caírem nas Bolsas.
Ontem, os EUA decidiram prorrogar por tempo indeterminado o fechamento dos aeroportos. Estima-se que 4.000 vôos comerciais, quase um terço do total no mundo, não decolaram desde terça-feira. Antes do ataque, as aviações comerciais norte-americanas já previam prejuízos neste ano de US$ 3,5 bilhões. Segundo analistas, de 91 a 93, as perdas foram de US$ 9,5 bilhões, agravadas pela guerra do Golfo. Agora, as previsões são mais pessimistas.
Para a companhia alemã Lufthansa, a indústria de aviação vai sofrer "seriamente" com os ataques terroristas. "Isso significa perdas para toda a indústria aérea", disse o chefe-executivo da Lufthansa, Juergen Weber.
A empresa já estuda a redução de vôos para os EUA e o Canadá. Com o fechamento dos 15 mil aeroportos norte-americanos, a Lufthansa cancelou 28 vôos, afetando 16 mil passageiros.
Os prejuízos poderão ser ainda maiores, na opinião de consultores, porque a Administração Federal de Aviação vai impor restrições ainda maiores. Além dos custos com infra-estrutura, os aeroportos também terão problemas com o atendimento.
Segundo o especialista Dan Solon, da consultoria Advark, os aeroportos ficarão lotados e serão forçados a diminuir suas escalas. "Os aeroportos dos EUA podem ficar paralisados com o excesso de segurança", disse Peter Harbison, analista da Asia Pacific.
Reforçar a segurança das cabines dos aviões e exigir identificação digital de passageiros podem ser medidas exigidas a curto prazo. "As tarifas deverão subir porque alguém terá de pagar por essas mudanças", disse Phil Hayes, especialista do setor. Os mais afetados devem ser as empresas e os aeroportos de pequeno e médio portes.


Com agências internacionais

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