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SP abastece o Rio de cocaína no Carnaval
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Traficantes radicados em São
Paulo montaram esquemas de distribuição de cocaína que garantirão o abastecimento das principais
"bocas" (pontos-de-venda) do Rio
durante o Carnaval.
A formação em São Paulo de grupos especializados em abastecer o
Rio de cocaína -e também da maconha produzida no Paraguai, de
teor alucinógeno mais forte- começou a ser notada no segundo semestre do ano passado.
Sua existência e atuação são confirmadas e descritas tanto pela polícia quanto por traficantes do Rio
com quem eles fazem negócios.
Em vez de ir à Bolívia ou ao Paraguai -países fronteiriços por onde cocaína e maconha entram no
Brasil-, o traficante carioca passou a recorrer a São Paulo para obter as mercadorias.
A "conexão paulista" praticamente aposentou a figura do "matuto" (como é chamado no Rio
quem vai aos países vizinhos comprar a droga).
O esquema do tráfico paulista inclui a entrega em locais combinados com os cariocas, geralmente
estacionamentos de shoppings e
restaurantes da via Dutra (Rio-SP)
ou da avenida Brasil (principal via
da zona norte carioca).
A prova mais concreta de que
existem em São Paulo esquemas
para abastecer o Rio com cocaína e
maconha foi obtida há duas semanas pela Polícia Federal.
O motorista Jamil de Lima foi
preso na Dutra quando chegava ao
Rio em uma pick-up. A PF informou ter achado nas laterais do carro 34 kg de cocaína e 47 kg de maconha. Lima partira de Presidente
Prudente (558 km de SP) para o
complexo de favelas do Alemão
(Bonsucesso, zona norte carioca).
"Hoje, toda a cocaína consumida
no Rio passa por São Paulo. E o
contrário nunca acontece", disse o
delegado Luiz Dórea, chefe da Delegacia de Prevenção e Repressão a
Entorpecentes da PF no Rio.
As investigações da PF indicam
que São Paulo funciona como centro distribuidor de drogas para o
Rio e outros Estados, como o Espírito Santo e parte de Minas Gerais.
Além de Presidente Prudente, o
traficante carioca encomenda a
droga em São José do Rio Preto
(451 km de SP), Bauru (345 km de
SP), Campinas (99 km de SP), Santos (72 km de SP) e na capital.
No país produtor, o quilo da cocaína vale cerca de US$ 2.000. O
sistema de entregas a partir de São
Paulo custa mais caro (pode chegar a US$ 3.500), mas a segurança é
maior. O traficante economiza ainda no transporte, alimentação e
hospedagem do "matuto".
Existe também a possibilidade de
descontos, que dependerão da
quantidade pedida e da frequência
das encomendas. O freguês fixo
negocia preços melhores.
Policiamento
A Secretaria da Segurança Pública do Estado do Rio não montou
um esquema específico de repressão ao tráfico no Carnaval.
O diretor da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia
Civil, Herald Espínola, reforçou a
equipe de plantão.
Estamos tentando trabalhar na
área de inteligência. Não atuaremos de modo ostensivo. Isso a PM
já faz. Vamos procurar identificar
os caminhos da droga e as pessoas
que a trazem para os locais de venda", disse o delegado.
Um dos pontos em que os homens da DRE circularão serão as
redondezas do Sambódromo.
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