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Sem Duchamp, por US$ 5.000
da Reportagem Local
US$ 5.000 -foi por causa desse valor,
hoje ridículo para um museu, que o
MAM não foi inaugurado com uma
mostra organizada por Marcel Duchamp. O museu seria aberto com uma
exposição que teria duas vertentes -a
francesa, a cargo do crítico belga Léon
Dégand, e a norte-americana, cujas
obras seriam selecionadas por Duchamp, pelo marchand Léo Castelli e
pelo crítico Sidney Janis.
Duchamp à época já tinha a fama de
ter criado o dadaísmo, mas não tinha o
status que adquiriria nos anos 60, quando passou a dividir com Picasso o posto
de imantador da arte do século 20. Castelli é que era o desconhecido -estava
criando a galeria em Nova York que
projetaria a pop arte. O diabo é que Cicillo Matarazzo, o patrono do museu,
resolveu trancar o cofre. Não quis aumentar os gastos em US$ 5.000 -o
equivalente hoje a cerca de US$ 31 mil.
Por causa dessa sovinice, o MAM não
exibiu na inauguração telas de Jackson
Pollock, Mark Rothko e Robert Motherwell, à época jovens pintores, mas
que já estavam iniciando a virada do expressionismo abstrato. Junto com a jovem pintura americana, Duchamp queria trazer obras de artistas famosos como Malévitch, Mondrian e Man Ray.
Não que a exposição montada com artistas da Escola de Paris fosse ruim -tinha Calder, Kandinski, Léger, Picabia e
Jean Arp. Mas o Brasil teria que esperar
pelas Bienais, na década seguinte, para
entender por que o eixo da arte havia
mudado da Europa para os EUA. Quem
promovera a mudança foram os artistas
que Duchamp havia escolhido.
(MCC)
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