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ONCOLOGIA
'Tentar de tudo só acrescenta sacrifício'
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O oncologista Sergio Daniel Simon, 58, conta que,
quando se formou, em 1973,
a especialidade em oncologia nem existia no Brasil. Foi
durante a residência, nos
EUA, que ele se interessou
pela área. "Os tratamentos
eram tóxicos e muito pouco
eficazes, a evolução dos pacientes era muito difícil."
O interesse do recém-formado transformou-se no
entusiasmo do médico experiente. "Hoje, os pacientes
vivem mais e melhor." Ele
cita a paciente que acaba de
sair do consultório. "Ela tem
84 anos, tratou-se de um
câncer e vai passar férias em
Itacaré [BA], aquele fim de
mundo... Isso não existia."
Para Simon, o médico deve sempre dizer a verdade ao
paciente e saber onde parar.
"Tentar de tudo, se há pouca
chance de sucesso, só acrescenta sacrifícios físicos,
emocionais e materiais."
Neste ano, Simon passa a
dar aulas na Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo). "Sou velho [para a
carreira acadêmica], mas
quis começar. A oncologia
no Brasil se desenvolveu fora da universidade. Agora,
isso está mudando."
Casado, Simon tem três filhos e três netos. Embora
nenhum filho tenha seguido
a carreira médica, ele aposta
no neto mais velho, de três
anos. "Ele só brinca de médico, tem estetoscópio, tira a
pressão..." Aposta também
no futuro da oncologia, cuja
evolução viu de perto: "A virada nos últimos anos foi tão
grande que eu tenho certeza
de que, se eu não estiver aqui
para ver a cura do câncer,
meu neto vai estar".
(IB)
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