São Paulo, Terça-feira, 16 de Fevereiro de 1999
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Tiazinha leva nove seguranças, dez assistentes e chicotinho à Sapucaí

Patrícia Santos/Folha Imagem
A modelo Suzana Alvez, que interpreta a personagem Tiazinha, durante a visita ao camarote da Brahma no Sambódromo do Rio; ontem, ela saiu na Tradição, que abriu o segundo dia de desfiles


da Sucursal do Rio

Um tumulto causado pela presença da modelo Suzana Alves, a Tiazinha, 20, causou atraso de 10 minutos no início dos desfiles de ontem no Sambódromo do Rio.
Principal atração da escola de samba Tradição, na qual saiu como madrinha de bateria, Tiazinha foi assediada por pelo menos 50 jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas na hora de se posicionar para o desfile. Como ela estava cercada por cerca de 50 seguranças, o tumulto -inédito no Sambódromo- foi geral, emudecendo o público e até a bateria que se aquecia.
"Eu não consigo fazer nada", repetia a modelo. "Nunca pensei que pudesse causar um tumulto tão grande", afirmou.
Em seu enredo deste ano, a Tradição contou a história do bairro carioca de Jacarepaguá (zona oeste), a partir da visão do artista plástico e deficiente mental Arthur Bispo do Rosário.
Com seu trabalho hoje reconhecido até mesmo no circuito internacional das artes plásticas, Bispo do Rosário viveu 50 anos na Colônia Juliano Moreira, para doentes mentais, e foi "descoberto" pela psiquiatra Nise da Silveira.
Tiazinha chegou ao Sambódromo cercada por nove seguranças, mais uma equipe de dez profissionais encarregados de preparar fantasia, maquiagem e seu penteado.

Estréias
A modelo estreou na Tradição ao lado de outras três madrinhas de bateria: Alessandra Scatena (auxiliar do apresentador Gugu Liberato), Adriane Bombom (do programa de Xuxa) e Rosiane Pinheiro (segunda colocada no concurso para morena do grupo É o Tchan).
As quatro representavam, segundo a concepção do enredo da escola, a miscigenação de raças no Brasil e desfilaram com roupas nas cores da bandeira brasileira. Tiazinha saiu de branco, mas não abriu mão da máscara e do chicotinho.
Além de causar furor, Tiazinha empolgou as arquibancadas mesmo sem saber sambar no pé. Ela se justificou explicando que só sabe sambar de um jeito diferente. "Sambo mexendo os quadris, como se faz no Nordeste e também em São Paulo", afirmou.
Ovacionada pelo público da praça da Apoteose, no final do desfile, Tiazinha disse que essa era sua consagração e que ficou ""arrepiada" em vários momentos.
Sua presença causou tumultuou antes, durante e depois da Tradição entrar na passarela. Para sair da dispersão ela teve que ser escoltada por um grupo de 20 PMs e seguranças da escola, da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) e da TV Bandeirantes. ""Isso aqui foi muito, muito, muito melhor do que eu esperava", afirmou ela, que terminou o desfile muita suada, arranhada, pedindo água, mas prometendo voltar nos próximos anos e repetir a confusão. Ao avaliar seu desempenho, ela agradeceu ""ao público, aos jornalistas, às crianças e ao Brasil".
Outra atração da escola que conquistou aplausos foi uma ala com 40 deficientes físicos, que desfilaram em cadeiras de rodas ou com aparelhos. (ANNA LEE, FERNANDA DA ESCÓSSIA E LUIZ ANTÔNIO RYFF)

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